O que testemunhámos no primeiro sector selectivo da Baja de Loulé foi surpreendente. Vimos a Volkswagen Amarok de Alexandre Ré e Hugo Magalhães despistar-se, desaparecer fora da pista e…reaparecer 11 segundos depois. Sem nunca se deter, Ré prosseguiu até final dos 82,6 quilómetros como se nada tivesse acontecido. E saiu vitorioso por 20 segundos de vantagem sobre a Toyota Hilux de João Ramos e Victor Jesus. E quem diz que um acidente não acaba em vitória?
Só mesmo quem não viu o que se passou a meio desta tarde, numa passagem apertada entre um conjunto de casas em ruínas. “Era uma esquerda apertada que no final fechava um pouco e vínhamos muito depressa quando percebemos isso”, explicou-nos Alexandre Ré. A Volkswagen Amarok escorregou para fora do caminho “e fui sempre acelerando, para tentar não perder o controlo”, contou-nos ainda o piloto.
Por um triz, ou apenas alguns centímetros, o carro não caiu sobre uma das ruínas. Dali, dificilmente teria saído. Mas passou ao lado e como manteve um enorme sangue frio, ao acelerar sobre a erva escorregadia, conseguiu evitar capotar. E acabou por voltar a subir ao caminho. Entre despistar-se e retomar a prova, passaram-se apenas 11 segundos. E Alexandre Ré ainda venceu por 20 segundos de avanço. Isso permitiu-lhe ascender ao comando da Baja de Loulé por 11,8 segundos de avanço.
Passagem de testemunho na liderança
A Toyota Hilux de João Ramos e Victor Jesus partiu para o primeiro sector selectivo desta prova na liderança. Volvidos 82,6 quilómetros, cedeu a primazia à Volkswagen de Alexandre Ré e Hugo Magalhães, mas a diferença entre os dois primeiros é tão reduzida, que deixa a discussão em aberto para o segundo dia.
Tudo se decidirá até meio da tarde deste domingo, em que se irão cumprir mais cerca de 205 quilómetros cronometrados. Aparentemente, a luta será entre Ré e Ramos. A equipa que está no terceiro lugar, Nuno Matos e Pedro Marcão, conta com um minuto e 50 segundos de atraso sobre o líder. É o tempo que demora a trocar um pneu furado, quando a operação é fácil e bem sucedida. E nos pisos duros do barrocal algarvio, não é difícil furar um pneu…
Nuno Matos continua, portanto, na luta pela vitória final. Mesmo que os seus objectivos sejam consolidar a liderança do Campeonato de Portugal de Todo Terreno AM|48. Arriscar não está, definitivamente, nos planos do piloto de Portalegre, que esta época regressou ao “Nacional” determinado. Determinado em conquistar novo título de campeão. A Fiat Fullback Proto que conduz tem-se revelado ao melhor nível.
Ricardo Porém desistiu após ser quinto
Com mais 40 segundos que Nuno Matos e Pedro Marcão, Pedro Dias da Silva e José Janela irão arrancar para a segunda etapa especialmente motivados. Para pressionar a Fiat Fullback e colocarem a sua Ford Ranger Proto à frente, subindo ao pódio da prova algarvia.
Fora desta discussão ficaram já os irmãos Ricardo e Manuel Porém. O Mini Paceman que trouxeram à Baja de Loulé permitiu-lhes serem os quintos mais rápidos. Mas a caixa de velocidades “terminou a etapa a acusar problemas que não era possível resolver”, explicou-nos Ricardo Porém. “Por isso, desta vez vamos novamente para casa mais cedo”, pois a desistência foi inevitável.
O mais incrível é que aparentemente só uma equipa desistiu neste primeiro dia da Baja de Loulé. Num contraste enorme com a prova anterior, a que inaugurou o campeonato. Este domingo, logo veremos se o nível de abandonos se manterá no mínimo. Pois não nos diz que um acidente não acaba em vitória?…
Texto: Alexandre Correia
Fotos: AIFA/Albano Loureiro e A.C.