Aproxima-se a data da apresentação mais aguardada dos últimos tempos. É o momento para a Land Rover revelar mais alguns dados deste “segredo”: os ensaios com os protótipos do novo modelo já atingiram 1.200.000 percorridos. E nós adiantamos mesmo que está quase concluído o plano de testes do novo Defender!
Onze países, através de quatro continentes, já foram cenários para os ensaios do novo Defender. Em dois anos, os protótipos rolantes deste modelo percorreram mais de um milhão e 200 mil quilómetros. Literalmente em todos os terrenos!
De acordo com os dados revelados pela própria Land Rover no último dia de Abril, as sessões de testes foram mais de 45.000. Sob todas as condições, nomeadamente as mais extremas…
Do Círculo Polar Ártico ao deserto arábico
Os procedimentos são cada vez mais uma rotina perfeitamente definida. E mesmo para um modelo como o novo Defender, o desenvolvimento não foge às regras. Nos últimos dois anos, largas dezenas de protótipos rolantes foram vistos em 11 países.
A maior parte destes ensaios têm sido realizados na Europa. Ao todo são oito os países europeus onde os técnicos da Land Rover têm estado a trabalhar. E o Reino Unido é onde se concentram mais ensaios, ou não fosse ainda o centro nevrálgico da marca. Sete do testes têm tido lugar em cinco lugares diversos no Reino Unido. Entre outros, destacam-se os de condução em cidade, através de Londres, e, em todo terreno, em Eastnor.
Desde os anos de 1960 que todos os novos modelos da Land Rover começam por ser sujeitos a ensaios fora da estrada no mesmo lugar: os caminhos florestais que rodeiam o castelo de Eastnor. Onde se prepararam diversas vezes as equipas concorrentes ao Camel Trophy, são também avaliadas as aptidões TT dos novos Land Rover.
Defender desafiou a Jeep no Rubicon Trail
Segundo país com mais cenários de testes, nos Estados Unidos da América já foram vistos os novos Defender em seis locais. A cidade de Nova Iorque é um destes cenários. As imagens dos protótipos fotografados em Manhattan e com a Estátua da Liberdade ao fundo ficaram populares! Mas os Defender foram à terra do Tio Sam sobretudo para rolar fora da estrada.
No Arizona, as equipas de ensaios conduziram através dos “Chocolate Hills”. Depois foram à Serra Nevada e desafiaram os Jeep no seu território: o Rubicon Trail, trilho entre rochas apertadas. Trata-se de um dos percursos de trial mais clássicos e é lá que a Jeep ensaia os novos modelos! Para os puristas, esta “invasão” foi como se a Jeep levasse o novo Wrangler para testes em Eastnor…
Ainda nos Estados Unidos da América, os Defender andaram por Phoenix, a capital do Arizona. Daí, prosseguiram até às paragens desérticas do “Death Valley”, na Califórnia. Finalmente, a caravana foi até ao Estado do Utah, para uma sessão de testes no deserto do Moab.
Na Europa, além das sessões de testes de desenvolvimento no Reino Unidos, que incidem em seis áreas, os Defender visitaram mais sete países. Um total de oito aspectos foram alvo destes testes no “velho continente”. E somente um país acolheu duas sessões diferentes. Foi a Suécia, onde houve ensaios dinâmicos em Revi e testes de condução em neve e gelo na pista de Arjeplog.
Calçada portuguesa em Lommel, Bélgica…
A Espanha, o Defender vieram até à pista de Santa Oliva, nos arredores de Tarragona. É lá que está instalado o IDIADA, iniciais do Instituto de Investigação Aplicada do Automóvel. Criado em 1971 com um departamento da Universidade da Catalunha, o IDIADA autonomizou-se em 1990 e foi privatizado em 1999.
Numa área de 331 hectares, o centro do IDIADA dispõe de múltiplas pistas de ensaio e laboratórios. Está acreditado para proceder a todos os ensaios de homologação necessários para um novo modelo. A Land Rover recorreu à IDIADA para mais ensaios dinâmicos.
A pista de ensaios da Michelin em Ladoux, França, foi utilizada para experimentar o desempenho do Defender em piso molhado. Daí, os protótipos prosseguiram até aos Alpes italianos, onde subiram as montanhas Dolomitas. Aí, na área da estancia alpina de Corvara, foi testado o sistema de controlo de estabilidade.
Em Lommel, na Bélgica, foram feitos os testes de robustez e durabilidade. A pista construída pela Ford Europa em 1964 é ainda hoje uma das melhores para avaliar a resistência de um carro. Nas suas inúmeras variantes, a pista permite percorrer cerca de 100 quilómetros, em todo o tipo de pisos: dos mais suaves aos mais duros. Passando por lama, charcos de água doce e salgada, asfalto esburacado e até calçada à portuguesa.
Este centro de desenvolvimento, que ainda hoje pertence à Ford, é muito procurado para estudar a corrosão. Porque dispõe de câmaras próprias para acelerar o processo de corrosão das carroçarias. As pistas de Lommel são ainda excelentes a fornecer indicações quanto aos índices de vibração e aspereza. A Land Rover não podia ter encontrado melhor para avaliar a robustez do novo Defender…
Levado aos limites no asfalto em Nürburgring
A derradeira localização das sessões de testes europeus do Defender foram a um dos circuitos mais míticos das corridas de automóveis. O “Nordschleif”, em Nürburgring, que decorre por entre a floresta de Eifel. Desenhado originalmente em 1923, o traçado actual é um pouco mais longo: conta com 24,43 quilómetros e 73 curvas que fazem deste um dos traçados mais exigentes e desgastantes.
Nürburgring propõe uma sequência de 33 curvas para a esquerda e 40 para a direita; há ainda planos a subir e a descer. Os travões do Defender foram lá testados. Bem como o desempenho dinâmico, em termos gerais.
Não muito longe do circuito germânico, mas já na Áustria, foram testadas as capacidades de reboque. Este ensaio teve lugar nas montanhas do Grande Glockner, recortadas pela estrada mais alta dos Alpes.
E se na Suécia os Defender rolaram sob 40 graus negativos, nos desertos do Arizona e dos Emirados Árabes Unidos, sofreram com mais de 50 graus positivos. Mas além do grande teste em pisos de areia, o deserto no Emirado do Dubai foi cenário para outro ensaio: resistência ao calor e durabilidade sob temperaturas elevadas extremas.
No Quénia, um dos protótipos será, entretanto, experimentado ao serviço de uma organização não-governamental. É a Tusk Trust, que trabalha em prol da conservação da fauna selvagem africana. A Land Rover é um dos suportes desta organização há muitos anos. Daí usar o trabalho da Tusk para colocar desde já à prova o novo Defender…
Texto: Alexandre Correia
Fotos: D.R.