Começámos em Freixo de Espada à Cinta e só acabámos em Vila Real de Santo António. As Rotas Todo Terreno Dacia Duster Pelos Grandes Rios de Portugal reflectem a selecção dos percursos mais belos ao longo do Douro, do Tejo e do Guadiana, por estrada e fora dela.
Escolhemos estes itinerários ao longo de dois anos de visitas regulares por estas paragens recônditas de norte a sul, que todas juntas ultrapassaram 30 mil quilómetros percorridos em mais de seis meses a passear. Para os leitores da revista Todo Terreno reservámos os roteiros fora da estrada; mas para já, adiantamos na revista Autofoco os itinerários pelo asfalto, suficientes para demonstrar que ainda há um Portugal desconhecido…
Agora que a rede nacional de auto estradas é cada vez mais completa, nunca como antes a expressão “trânsito local” foi melhor aplicada às vias mais secundárias. Entendemos isso claramente ao pesquisar tudo o que encontramos descendo ao longo das margens dos três maiores rios que atravessam Portugal: o Douro, o Tejo e o Guadiana.
Em boa verdade, o curso destes rios foi apenas a referência porque, na realidade, são escassos os pontos em que alguma estrada os acompanha, pavimentada ou não. A menos que consideremos o caminho de ferro, pois à exceção do Guadiana, há longos quilómetros de carris por onde os comboios ainda rolam diariamente, proporcionando nestas viagens passeios admiráveis, que permitem contemplar bem de perto os troços mais belos quer do Douro, quer ainda do Tejo. Também os recomendamos, mas antes de trocarmos por um comboio o Dacia Duster 1.5 dCi que foi nosso companheiro nestas aventuras, “fazemo-nos” à estrada.
Fronteira é o limite
Ainda que no seu conjunto estas “Rotas Dacia Duster” representem uma Volta a Portugal, apenas o são de uma forma muito abstrata, até porque tal como nenhum destes rios se encontra com os outros, também os itinerários que desenhámos se limitam a seguir o curso fluvial que têm por cenário. Se os tivéssemos ligado entre si, provavelmente teríamos duplicado o número de quilómetros percorridos e ainda estaríamos nesses reconhecimentos.
No total, a distância destas três rotas anda próxima dos 1700 quilómetros e pode parecer um exagero que o levantamento destes roteiros nos tenha ocupado um pouco mais de seis meses, distribuídos por inúmeras deslocações ao longo de um par de anos. Intervalámos o trabalho no Inverno e mesmo no Outono não andámos muito, evitando os períodos em que não só os dias são mais curtos, como mais “traiçoeiros”, do ponto de vista de condições climatéricas aprazíveis. Porque passear é quase que um sinónimo de “bom tempo” e mesmo que a bordo de um automóvel estejamos resguardados das intempéries, os dias frios, chuvosos e curtos são mais convidativos a procurar o conforto de uma casa, que a sair para a rua e tomar rumo ao campo – que é como quem diz sair das cidades, que, aliás, praticamente não encontramos nestas rotas.
E tomando por regra a expressão popularmente atribuída a São Tomé, “ver para crer”. Daí que visitámos e revisitámos cada lugar, para povoação, entre todas as que nos vão surgindo pela frente à medida que avançamos em cada etapa, em cada rota. O esforço para oferecermos o maior número possível de encontros com os três rios levou-nos a experimentar uma quantidade impressionante de estradas e caminhos sem saída. Inclui-los a todos nestas rotas, tornaria-nas repetitivas e isso acabaria por lhes retirar parte do interesse.
Depois de um levantamento exaustivo e um alguns “ensaios gerais”, escolhemos apenas as passagens mais susceptíveis de arrancar um suspiro de espanto. E as que além disso, oferecem ainda um entorno histórico, pela presença seja de monumentos, seja até por terem sido palco de algum acontecimento memorável, que recuperamos com esta visita, enriquecendo o conhecimento.
Em comum com as três rotas, há um elemento: a fronteira! E este é um limite natural, pois como todos eles têm origem em Espanha e o seu curso desenha parte da linha que nos separa do país vizinho, arrancamos cada rota precisamente no sector internacional.
A sensatez em primeiro lugar
Cada rota é perfeita para uma semana de férias, em que garantimos que sem sair de Portugal, ou quase, é provável que se surpreenda com a descoberta do melhor que cada zona oferece, seja ao olhar para as paisagens, seja ao visitar povoações e perder-se a contemplar o seu património, desde velhos palácios a curiosos museus, seja mesmo a desfrutar das comidas típicas, sentado à mesa, ou a terminar a jornada descansando num lugar cuja estadia seja em si uma espécie de recompensa.
Mas há que ter bom senso, acima de tudo. E se rolar longos quilómetros representa em si algum investimento, se o multiplicarmos por refeições “de arromba” e pernoitas “inesquecíveis”, chegamos a uma conta que leva muitos portugueses a pensar que “por esse dinheiro vamos uma semana de férias ao estrangeiro”.
Assim, antes que só vejamos estrangeiros a passear por Portugal, convidamos os leitores a enfrentar este desafio, para umas férias diferentes, ou mesmo alguns fins de semana, visitando lugares onde só ocasionalmente irão cruzar-se com outros turistas, mesmo que nacionais.
E como o orçamento faz toda a diferença, recordamos que estas rotas são o pretexto perfeito para redescobrir o prazer dos piqueniques campestres, sem complexos de levar a comida de casa ou ir comprando no local, para preparar no momento verdadeiros petiscos bem portugueses, que não requerem senão os talheres. Quem não aprecia os nossos queijos e enchidos, para acompanhar com pão que a maioria já não tem memória de comer? E que dizer dos excelentes enlatados nacionais, todos eles a acompanhar maravilhosamente com pão, ou mesmo a combinarem-se com outros enlatados, como é o caso do atum e do feijão frade, que casam na perfeição numa deliciosa salada fria, que até se come melhor à colher que de garfo?
À noite, o campismo pode ser uma alternativa, mas para quem não dispensa mesmo os lençóis e uma casa de banho privada, é só questão de reduzir o número de estrelas, pois nestas rotas irá encontrar inúmeros pequenos hotéis simples mas tão confortáveis e limpos quanto baratos. E de preferência sem baratas…
Porque como o importante é mesmo ir, não deixe que o orçamento seja a limitação e use da imaginação para fazer render o que dispõe, na certeza de que, no final, regressará retemperado e, seguramente, mais rico. Porque não há maior riqueza do que viajar. E fazê-lo de carro, como propomos nestas Rotas Todo Terreno Dacia Duster Pelos Grandes Rios de Portugal, é tornar o programa perfeito: vamos onde quisermos, quando quisermos.
E o Dacia Duster tem até a vantagem de não nos limitar ao asfalto. Mas isso é outra conversa, porque os percursos fora da estrada ao longo do Douro, do Tejo e do Guadiana ficam reservados para edições exclusivas da revista Todo Terreno, com “road-books” detalhados para que ninguém fique perdido.
Aos leitores da Autofoco iremos oferecer a versão mais acessível destas rotas, ou seja, os itinerários que essencialmente compreendem estradas pavimentadas. E como não há regra sem exceção, as raras incursões além do asfalto são transitáveis por qualquer veículo, em todas as condições e circunstâncias. E não as incluímos por acaso – é importante acrescentar!
Texto e fotos: Alexandre Correia