Com três etapas cumpridas, o Silk Way Rally 2017 já conheceu outros tantos líderes, quer nos automóveis, quer nos camiões. Mas para já, apenas Sébastien Loeb conseguiu a proeza de recuperar o comando! O francês da Peugeot partiu esta manhã na frente, à conquista do Cazaquistão, seguido de perto pelos 308 DKR dos seus companheiros Stéphane Peterhansel e Cyril Despres…
A última etapa disputada na Rússia trouxe novos elementos à prova, com uma mudança de cenário, que levou a caravana a deixar as florestas, para percorrer caminhos mais abertos e “limpos”. Tão limpos que em apenas 50 quilómetros Sébastien Loeb alcançou o carro de Cyril Despres e ao fim de 125 km já estava atrás do Peugeot de Peterhansel, que lhe havia conquistado o comando.
Ultrapassar Peterhansel foi o suficiente para Loeb recuperar desde logo o comando da prova, anulando a desvantagem com que arrancou para a terceira etapa. Depois, o piloto da Alsácia adiantou-se e mesmo percorrendo a maior parte do sector selectivo à frente, desempenhando o papel ingrato de abrir o caminho, no final dos 324 km cronometrados ganhou uns expressivos quatro minutos e 34 segundos ao anterior líder.
Num troço que ele mesmo considerou ser mais ao estilo de um piloto de ralis, que de todo terreno, Loeb empreendeu uma recuperação que lhe permitiu regressar ao comando. Assim, esta manhã, à partida para a quarta etapa, a primeira das cinco a decorrer no Cazaquistão, o Peugeot 3008 DKR Maxi de Loeb arrancou de novo à frente.
Relegado para o segundo posto, por uma diferença de três minutos e 15 segundos, Stéphane Peterhansel está longe de se dar por vencido. Ontem, o recordista de vitórias no Rali Dakar admitiu que “ter partido à frente foi uma desvantagem, pois não havia marcas na pista e frequentemente hesitámos quanto ao caminho certo”.
Duelo Loeb/Peterhansel?
Porém, hoje, na etapa entre Kostanay e Astana, a mais longa do Silk Way Rally 2017, será Loeb a sofrer essa desvantagem. Peterhansel conta mesmo com isso para atacar o seu companheiro de equipa e adiantar-se de novo.
A provar a importância da navegação está o incidente que custou a Cyril Despres uma boa dúzia de minutos. O piloto do terceiro Peugeot oficial entrou por engano num caminho errado e acabou por ficar atascado numa passagem com lama. Este percalço fez Despres conceder praticamente um quarto de hora ao novo líder, todavia não colocou em risco o terceiro lugar em termos absolutos.
Depois de apenas três etapas, Despres já dispõe de cerca de 40 minutos de vantagem sobre o concorrente mais próximo. Esta diferença somente realça o domínio até aqui evidenciado pelos homens da Peugeot…
Surpresa chegou da China
A maior surpresa da terceira etapa chegou da China. É este o país de Young Zhou, o piloto da Toyota Hilux Overdrive que por apenas 40 segundos conseguiu intrometer-se entre os pilotos da Peugeot. Se nas duas etapas iniciais os carros franceses dominaram por completo os lugares de honra, ontem, à saída da Rússia isso não se repetiu: a Toyota de Zhou chegou à frente do 3008 de Cyril Despres!
O antigo companheiro de equipa do português Carlos Sousa, quando ambos correram pela marca chinesa Great Wall, já não é propriamente um desconhecido. Mas o brilharete de ontem não permitiu a Young Zhou ascender senão ao décimo posto absoluto.
Com mais baixos do que altos tem sido a corrida dos Mini John Works Cooper oficiais. Ontem o norte-americano Bryce Menzies atrasou-se significativamente. Embora prossiga no quarto lugar, Menzies não pôde sequer tirar partido dos problemas de Despres para se aproximar dos lugares da frente.
Melhor sucedido que o seu colega da equipa Mini, Yazeed Al-Rajhi voltou a colocar-se entre os mais rápidos. Mas o saudita, que estabeleceu apenas o quinto lugar na etapa, leva já mais de quatro horas de penalização. E um atraso desta dimensão é irrecuperável!
Melhor camião é 7º absoluto!
Pela terceira vez em três etapas, a vitória entre os camiões conheceu novo protagonista. Depois do checo Martin Kolomy e da Tatra terem ganho no primeiro dia, e do holandês Van Den Brinke vencer com o Renault Sherpa na segunda etapa, ontem coube ao MAZ de Siarhei Viazovich ser o mais rápido!
Sétimo à partida da etapa, o piloto da Bielo-Rússia não ganhou nem um minuto ao Tatra de Kolomy, que assim logrou recuperar a liderança.
O piloto da marca da República Checa é ainda o sétimo classificado em termos absolutos. E além de Martin Kolomy, também Anton Shibalov, da Kamaz, se encontra posicionado entre os dez melhores. Não é caso raro, mas o facto de se encontrarem desde já dois camiões colocados no “top ten” é bem demonstrativo da crescente competitividade dos “pesados”.
Refira-se que ontem dois dos principais protagonistas da corrida dos camiões conheceram atrasos significativos. O Renault Sherpa de Martin van den Brink viu-se impossibilitado de defender a liderança devido a problemas mecânicos, que se revelaram na parte final da jornada. Já o Iveco de Gerard De Rooy perdeu cerca de meia hora para os melhores, com o piloto holandês a justificar o atraso com dificuldades de navegação.
Hoje é o dia mais longo
Até à capital do Cazaquistão, nesta quarta jornada os concorrentes terão de cumprir 908 km, dos quais 372 serão cronometrados. Trata-se da mais longa das 14 etapas que compõem esta sétima edição do Silk Way Rally.
No programa da jornada constam dois sectores selectivos: o primeiro tem 214 km e começa por uma pista rápida, que depois vai-se tornando progressivamente mais dura, acompanhando o leito de um rio, para terminar entre terrenos agrícolas. Já a segunda “especial”, tem uma distância de 159,22 km e cumpre-se totalmente entre campos de cultivo.
Texto: Alexandre Correia
Fotos: D.R.