Para encontrarmos no mapa a referência à aldeia de Segura é preciso bons olhos e, sobretudo, um mapa com uma grande escala. Porque de outro modo, nem o mapa indica esta povoação fronteiriça, nem os seus olhos vão conseguir entender o ponto tão minúsculo. Talvez até por isso tudo, são poucos os visitantes desde lugar, a uma hora de meia de viagem desde Castelo Branco. O que faz deste um destino ainda mais exclusivo. É por lá que começamos o longo itinerário que traçámos nas Rotas TT Dacia Duster Grandes Rios de Portugal. Para espreitar os Grifos no “Canhão” do Erges…
E começamos junto ao Erges, o primeiro afluente português do Tejo. O quilómetro zero do percurso é mesmo em cima da ponte romana que divide Portugal de Espanha. E se estivermos a olhar desde a ponte em direcção à aldeia, desviando o olhar um pouco mais para a direita, o Erges desaparece por entre uma garganta apertada. Chamam-lhe o “Canhão” do Erges. Nessas paredes rochosas, se observarmos com atenção, percebemos umas manchas, muitas, esverdeadas. Não se trata da cor da rocha, mas sim os excrementos dos Grifos, as mais imponentes aves necrófagas, que têm ali um importante ponto de abrigo, onde se concentram numerosos espécimes.
Percorrendo os primeiros 500 metros do itinerário, na nota nº 2, lemos a indicação para deixar “a N355 junto ao Centro de Interpretação do Parque Natural do Tejo Internacional”. E acrescentamos aqui que antes de seguir esta indicação vale a pena estacionar por uns momentos. Desde logo para visitar o Centro de Interpretação; se estiver aberto, sublinhe-se, porque a única funcionária reparte-se por outras funções, noutros locais, e tem as duas folgas semanais, como toda a gente deve ter. Infelizmente, encontrar este Centro de Interpretação (que foi instalado no edifício da antiga fronteira…) de porta aberta será um sorte.
Se a sorte lhe tocar, não feche a porta: entre nas instalações do parque e procure pela funcionária; além de lhe explicar o essencial deste parque natural, sensibilizando-o para o que vai encontrar no percurso, pode emprestar-lhe um par de binóculos. Sem eles, não conseguirá ver com a mesma clareza a expressiva comunidade de Grifos que habita nas escarpas do “Canhão” do Erges, que fica precisamente em frente ao antigo posto fronteiriço.
É frequente vermos estas enormes aves, que se alimentam de cadáveres de outros animais, a sobrevoar o rio Erges, descrevendo longos círculos. Por vezes vemos até um bando inteiro a pairar no céu. Tantos até que quase se tornam banais.
Mas não há nada mais de errado nesta ideia: os Grifos são raros. Curiosamente, encontramo-los essencialmente na linha da fronteira, pois ocorrem com regularidade sobretudo nas arribas do Douro e do Águeda, bem como neste “Canhão” do Erges. Um pouco mais abaixo também os reencontrarmos nalgumas escarpas que se despenham no Tejo Internacional. E descendo para sul, voltamos a encontrar Grifos junto a outro rio transfronteiriço: o Ardila, que é o primeiro afluente do Guadiana situado abaixo do paredão da barragem do Alqueva; mas para chegarmos até este ponto ainda teremos de esperar pelo quinto livro desta colecção.
Enquanto não chegam as Rotas TT Dacia Duster no Guadiana, pode encomendar desde já o volume 1 das do Tejo. O percurso estende-se desde Alcântara e Segura até Vila Velho do Ródão, com “paragem” em Malpica do Tejo. Envie um email para [email protected] e fique a saber as condições para adquirir este livro com dois road-books inéditos. A venda é exclusiva online!
Texto: T.T.
Fotos: T.T.