É já um dos modelos com maior longevidade da história da indústria automóvel. Nesta quarta-feira, 19 de Julho de 2017, volvidos 38 anos e meio de produção contínua, o lendário G-Classe atingiu 300 mil unidades produzidas!
Começou a ser fabricado no dia 1 de Fevereiro de 1979, mas na verdade o projecto nasceu sete anos antes, quando a Daimler-Benz e a Steyr-Daimler-Puch acordaram entre si o desenvolvimento de um veículo militar ligeiro. A ideia era que coubesse num concurso para fornecer quer as forças armadas germânicas, quer ainda as forças da Nato, em termos mais alargados.
Após três anos de conversações, em 1975 o projecto recebeu luz verde para arrancar. Nesse âmbito, as duas companhias combinar construir uma nova fábrica, exclusivamente para a produção deste modelo. A localização escolhida foi nos arredores da cidade de Graz, na Áustria, cerca de 200 quilómetros ao sul da capital, Viena. Passaram-se mais quatro anos até ao lançamento e desde que começou a ser fabricado, o G-Class nunca mais parou de ser produzido!
A unidade nº 300.000 foi escolhida através de uma consulta pública, aos entusiastas pelos Mercedes-Benz G-Class. A marca recolheu as indicações, fornecidas na plataforma #Gventure300K e ponderou as indicações mais fortes. Assim, ficou determinado que esta unidade teria pintura exterior “coulor designo” Mauritius Blue Metallic, com acabamento interior em pele negra, constrastada com costuras a branco. Sob o capot, foi montado o V8 a gasolina, tornando este veículo especial num G500!
As especificações desta unidade compreendem ainda o “Pack Off-Road”, que contribuiu para maximizar o elevado potencial em todo terreno, que faz do lendário G-Class um ícone nesta matéria. Recordamos que este modelo dispõe de caixa automática, com tracção integral permanente, reforçada por caixa de transferências com relações curtas e ainda bloqueio dos três diferenciais: dianteiro, central e traseiro!
Uma longa subida, íngreme e de piso bastante duro, com meia-dúzia de quilómetros é usada como referência para avaliar as aptidões extremas do G-Class desde que os primeiros protótipos rolantes foram postos em circulação.
Ainda hoje, cada nova versão é submetida aos mesmos ensaios nesta montanha dos arredores de Graz. E para que o G-Class nº 300.000 possa vencê-la com maior facilidade, recebeu pneus mistos, montados em jantes de liga leve negras com 16 polegadas de diâmetros. Sim, que os pneus off-road “a sério” ainda não são fabricados nas medidas maiores! Por último, esta unidade distingue-se ainda por receber uma grade no tejadilho, também em preto, conferindo-lhe a perfeita aparência de um veiculo para as grandes expedições fora da estrada!
Recordamos que uma nova geração do G-Class está a ser preparada para ser apresentada no próximo ano, estimando-se que venha, finalmente, a substituir o modelo original quando este celebrar 40 anos. Recordamos também que o recorde de produção foi alcançado em 2016, quando foram pela primeira vez vendidas cerca de 20 milhares de unidades num único ano.
Desde 2009 que as vendas do G-Class não têm parado de crescer. E desde 2012, cada ano tem ficado assinalado por um novo recorde de produção. Mas não foi sempre assim e por diversas vezes foi ponderada a suspensão da produção, por escassez de encomendas. No pior ano, a produção não chegou sequer às 1300 unidades. E, curiosamente, até 1999, o G-Class era produzido simultaneamente pela Mercedes-Benz e pela Steyr-Puch. Esta segunda variante foi sobretudo vendida em dois mercados: Áustria e Suíça.
Além disso, o G-Class deu ainda origem a uma terceira variante, francesa: o Peugeot P4, que à semelhante do modelo original, estava disponível com chassis curto, de três portas, e longo, de cinco portas. Os modelos franceses, no entanto, não partilhavam os motores dos fabricados na Áustria.
E a produção do G-Class não esteve sempre exclusivamente concentrada em Graz: foram montadas algumas unidades de versões militares na Turquia, numa fábrica de camiões que a marca dispõe no sul deste país, na região da Capadócia.
O modelo foi igualmente produzido na Grécia um lote de veículos militares, para o exército helénico. Em Portugal, os primeiros G-Class foram importados para os Açores, que até finais dos anos 90 contavam com um distribuidor próprio, independente do nacional.
Em termos globais, o G-Class somente foi introduzido no nosso país em 1993. E com uma aceitação enorme. Depois, a partir da introdução do ML, em 1997, os preços e o alargar da gama de SUVs da Mercedes-Benz fez, naturalmente, com que o G-Class se tornasse quase que simbólico em Portugal. Mesmo assim, todos os anos são vendidas entre nós algumas unidades…
Texto: Alexandre Correia
Fotos: D.R.