A perseguição mais longa do Rali Dakar acaba hoje. E restam apenas 200 quilómetros cronometrados, que serão decisivos para apurar o vencedor dos automóveis: Stéphane Peterhansel ou Nasser Al-Attiyah? O francês conta com um quarto de hora de avanço e se pensarmos que a corrida tem sido um autêntico sprint, 15m.31s. são uma eternidade. Todavia, Nasser garante que lutará até ao final e essa pressão obriga o recordista de vitórias no ‘Dakar’ a manter o andamento elevado. Ambos terão de esforçar-se. E não são os únicos em luta aberta. Passa-se o mesmo nas motos, onde a diferença entre os dois primeiros, Kevin Benavides e Sam Sunderland, é de apenas cinco minutos!
Na frente desde a segunda etapa, Stéphane Peterhansel tem sido alvo da perseguição mais longa da história do Rali Dakar. Dia após dia, a Toyota Hilux de Nasser Al-Attiyah tem sido uma sombra do Mini John Cooper Works Buggy de Peterhansel. Por sua vez, o piloto do Qatar venceu o prólogo, mas perdeu a liderança logo na primeira etapa, onde a primazia foi assegurada por Carlos Sainz, num dos buggy oficiais da Mini. Já a partir da segunda tirada, Peterhansel colocou-se à frente e aí se mantém à partida da última etapa. ‘Mr. Dakar’ somente foi o mais rápido de todos numa etapa, contra cinco vitórias de Nasser Al-Attiyah.
Pneus furados têm sido o maior ‘adversário’ para todos
Apesar da intensidade deste duelo, os dois protagonistas da corrida dos automóveis chegam à partida da última jornada sem que as suas viaturas tenham conhecido quaisquer problemas. Foram sobretudo os furos que estabeleceram as maiores diferenças entre Peterhansel e Al-Attiyah. Aliás, este tem sido o maior ‘adversário’ para todos e acreditamos que ao nível dos automóveis, não haverá ninguém que não tenha trocado um pneu furado. Alguns repetiram esta experiência constantemente. Por exemplo, só Nasser Al-Attiyah parou por 16 vezes para trocar pneus furados, até ao final da penúltima etapa. O piloto da Toyota furou por duas vezes nalgumas etapas e depois viu-se obrigado a ser mais cauteloso, pois um terceiro furo implicaria esgotar a última roda sobressalente. Mas nem Peterhansel escapou a este problema. Isso voltou a acontecer ao francês na penúltima etapa, explicando porque perdeu alguma da vantagem que dispunha.
Durante a derradeira etapa, que terá um final espectacular, à beira do Mar Vermelho, para lembrar a chegada ao Lago Rosa, as atenções gerais estarão concentradas quer em Peterhansel e Al-Attiyah, quer ainda nos dois primeiro classificados das motos. Num caso e noutro, a perseguição mais longa acaba hoje!
Os maiores sustos de Ricardo Porém e Lourenço Rosa
Quase a chegar ao final, duas das equipas portuguesas passaram por valentes sustos que por um triz não puseram em risco a continuação em prova. O Borgward BX7 Evo de Ricardo Porém e Jorge Monteiro além de um par de furos, caiu com força numa sequência de valas e o piloto admitiu que não ganhou para o susto. A dupla de Leiria terminou a etapa no 36º posto. O atraso não implicou perderem o 20º lugar na classificação final, mas perderam as chances de discutir o 18º lugar, que ainda se perspectivava…
Pior ainda foi o que aconteceu com Lourenço Rosa e Joaquim Silva, que estavam no 11º lugar da classificação dos veículos ligeiros e capotaram após saltar sobre uma duna. O pior foi que o Can-Am aterrou sobre uma das rodas de trás, arrancada com o impacto. Estavam fora do percurso, mas ‘vigiados’ pela assistência rápida da South Racing, que em meia-hora os alcançou e conseguiu reparar o Can-Am. Não se livraram foi de um substancial atraso, que os fez cair para o 15º lugar. Mas, o mais importante foi terem conseguido prosseguir e prometem uma última etapa cautelosa. Porque o objectivo é mesmo concluirem este Rali Dakar 2021. A perseguição mais longa para este objectivo termina hoje…
Texto: Alexandre Correia Fotos: D.R.