Começará no Principado do Mónaco a 31 de Dezembro e terminará em Dakar a 14 de Janeiro de 2018. A décima edição do Africa Eco Race promete ser uma autêntica maratona africana de todo terreno. A melhor homenagem às edições originais do Rali Dakar, que comemorará a 40ª edição…na América do Sul.
O ambiente cosmopolita do Principado do Mónaco vai acolher de novo a caravana do Africa Eco Race, que celebrará a sua décima edição com uma prova renovada. Segundo René Metge, o director do rali, “o Africa Eco Race respeita o figurino das autênticas maratonas de todo terreno, mantendo-se fiel a uma rota que ficou célebre com o Rali Dakar: os grandes espaços africanos, desde o norte, onde ainda há alguma influência mediterrânica, ao deserto, como o sul de Marrocos e a Mauritânia, e ainda à África Negra, a sul do Sahara, no Senegal”.
Vencedor do Rali Dakar por três vezes, Metge é uma lenda viva das grandes competições de todo terreno intercontinentais. Depois de ter ganho a última vez o “Dakar”, foi ele que foi chamado a tomar o lugar do director da prova, logo após a morte do seu criador, Thierry Sabine. Mais tarde, deu forma a um sonho que parecia impossível, ao organizar o Rali Paris-Moscovo-Pequim, em 1992.
Como organizador, prosseguiu a sua carreira no Master Rali, através da Ásia Central, e fez realizar uma corrida memorável, integrada na Taça do Mundo de T.T., na Turquia. Mas África nunca deixou de chamar por este francês que, antes de se deixar conquistar pelos ambientes poeirentos do todo terreno, já se tinha celebrizado como piloto, nas pistas de asfalto, mais limpas, e ao volante dos automóveis de turismo.
Conversámos com René Metge aproveitando uma visita-relâmpago a Lisboa para encabeçar a sessão de apresentação do próximo Africa Eco Race, onde foi ladeado por José Marques, o representante da prova em Portugal, e por Elisabete Jacinto, a piloto que mais vezes participou no rali.
Foi um agradável reencontro. “Não vinha aqui há dois anos, mas é sempre um grande prazer vir a Lisboa e espreitar a cidade desde este cenário maravilhoso, cheio de luz, como é o rio Tejo”, contou-nos, sorridente, momentos após ter terminado a longa apresentação da prova.
Uma dúzia de etapas
E começando por falar da décima edição desta corrida, Metge resumiu que “terá uma dúzia de etapas, começando com cinco em Marrocos, seis na Mauritânia e a última no Senegal, à chegada a Dakar, com um breve desfile pela praia até ao Lago Rosa”, o cenário que se celebrizou há 40 anos, quando aí mesmo se concluiu o Rali Oasis Paris-Alger-Dakar, a edição de estreia do Rali Dakar.
A propósito, René Metge sublinha que “o Africa Eco Race é o herdeiro directo dessa corrida mágica que há quatro décadas começou a mudar o panorama dos desportos motorizados, emprestando às corridas a aventura e o desafio de superar as dificuldades próprias de África e do deserto”.
Agendado para os dias 31 de Dezembro a 14 de Janeiro de 2018, o 10º Africa Eco Race “terá como ponto alto uma etapa-maratona logo à chegada à Mauritânia”, anunciou o director da prova.
“Serão dois dias muito difíceis e extensos, intervalados com acampamentos na praia de Tiwilit”, a norte de Nouakchott. Estas jornadas foram apresentadas como “as 500 milhas da Mauritânia e consistem em duas tiradas com muita areia, atravessando difíceis cordões de dunas, onde os concorrentes terão não só de encontrar o melhor caminho, como também serão obrigados a um compromisso para salvaguardar as mecânicas, pois no final do primeiro dos dois dias todas as viaturas ficarão guardadas em parque fechado, sem possibilidade de qualquer intervenção por parte da assistência.” Quaisquer reparações e reabastecimentos terão de ser feitos antes de terminar o sector selectivo ou, na manhã seguinte, à partida do seguinte, “mas isso será feito com o cronómetro ligado, portanto, o tempo perdido com as reparações poderá implicar mudanças nos resultados…”
Elisabete Jacinto lidera comitiva
Despertar a atenção aos pilotos portugueses e sensibilizá-los para participar no Africa Eco Race foi o motivo desta deslocação a Lisboa de René Metge, que veio acompanhado pelo filho mais novo de Jean-Louis Schlesser, piloto que é o proprietário da organização desta prova.
“Temos já algumas manifestações de interesse que nos levam a acreditar que Portugal estará de novo bem representado”, referiu à revista Todo Terreno José Marques, ele mesmo duplamente envolvido na prova, pois além de ser o elemento de ligação da organização para o nosso país, é ainda o navegador de Elisabete Jacinto. “Um navegador excepcional, de um piloto também de excelência”, frisou René Metge, explicando que “as opiniões que José Marques e Elisabete Jacinto e ainda Jorge Gil” – o responsável pela equipa que faz correr o MAN vermelho, com as cores da Bio-Ritmo – “nos dão de tudo o que se vai passando na prova são sempre muito importantes para a organização, pois ambos têm uma experiência muito elevada e, além disso, as suas criticas oferecem-nos sempre uma visão que não só reflecte isso mesmo, como nos transmite a perspectiva de quem vive a corrida do outro lado, a participar como concorrentes.
Garantida a participação de Elisabete Jacinto, “pela nona vez, o que faz dela uma veterana da nossa prova”, refere René Metge, o plantel português poderá ainda contar com dois automóveis, as Toyota Hilux de Alejandro Martins e de Paulo Ferreira, “pois ambos estão interessados em estar presentes”, assegura José Marques, acrescentando que “há ainda um conjunto de pilotos das motos empenhados em alinhar à partida no Mónaco”, um deles até deixou escapar, na sessão de apresentação, que vai “para ganhar”. É ele Sebastien Buhler, que conta participar aos comandos de uma Yamaha, tal como Rui Oliveira e Pedro Oliveira.
Também nas motos, mas com uma KTM, há a registar a inscrição de João Rôlo, que à última da hora foi obrigado a renunciar à participação na edição anterior. Por último, de acordo com o representante português do Africa Eco Race, “estamos com expectativas de contar ainda com a participação de uma marca nacional, a AJP, que poderá levar até África o piloto Henrique Nogueira, com a sua nova PR7”.
De Monte Carlo ao Senegal, da Marina do Mónaco à Pointe des Almadies, no extremo ocidental de África, em Dakar, a caravana do 10º Africa Eco Race deverá percorrer cerca de 6500 quilómetros. O programa inclui ainda um pequeno “cruzeiro” de dois dias no Mediterrâneo, para atravessar de Sète, em França, até Nador, em Marrocos. A viagem marítima “será perfeita para celebrarmos todos juntos a passagem do ano, mas também para darmos formação aos concorrentes, nomeadamente em alguns aspectos de segurança e dos sistemas de navegação que todos têm de utilizar”, rematou René Metge.
Texto: Alexandre Correia
Fotos: Aifa/Jorge Cunha