Oficialmente, a prova somente será apresentada no próximo dia 25 de Abril. Recebemos hoje o convite para ir até Al Qiddyia, nos arredores da capital da Arábia Saudita. Mas bastou escutarmos David Castera, o novo director da prova, para dispensarmos a viagem a Riade, pois com o que já sabemos, antecipamos as novidades do Rali Dakar 2020 aqui mesmo. Boa leitura!
Percurso integralmente na Arábia Saudita!
Ao fim de 41 anos, o Rali Dakar conheceu pela primeira vez uma edição disputada num só país. O Peru. Mas “vamos escrever o terceiro acto do ‘Dakar’ no Médio-Oriente”, revelou o novo director da prova. Numa entrevista ao canal de desporto da TV France, David Castera precisou que a 42ª edição será de novo disputada num único país: a Arábia Saudita.
“Depois de África e da América do Sul, agora é a vez do Médio-Oriente”, prosseguiu David Castera. E adiantou que “a Arábia Saudita é enorme, quatro vezes maior que a França. O que não falta é espaço para se correr integralmente uma prova como o ‘Dakar’.
A edição de 2020 começará na segunda semana de Janeiro. “E alguns dias serão passados no ‘Empty Quarter’, a maior extensão de areia contínua do mundo”. Este imenso Erg, que atravessa toda a península arábica na diagonal, tem cerca de 1000 quilómetros de comprimento e 500 de largura. São 650.000 km2 só de areia, tocando quatro países: o Yemen, o Omã, os Emirados Árabes Unidos e, sobretudo, a Arábia Saudita.
“Dunas e dunas a perder de vista!”
“São dunas e dunas a perder de vista”, sublinha Castera. Mas a prova não será sempre neste ambiente. Do lado do Mar Vermelho, os concorrentes irão encontrar outras condições: “são pistas de montanha, com pisos duros e pedregosos”, avisa desde já o director do novo Rali Dakar. “Teremos uma prova diversificada”, promete. “Além da areia e da montanha, a navegação e a descoberta serão fortes”.
E por falar em navegação, Castera revelou também novas regras a este nível; sem grande surpresa, porque a solução foi recentemente experimentada no Merzouga Rally: “os road-books vão passar a ser distribuídos aos pilotos apenas de manhã, antes da partida de cada etapa”.
Com isso, a organização pretende assegurar maior equilíbrio de forças. E, acima de tudo, oferecer maiores chances de sucesso aos pilotos privados. Porque os profissionais contavam com autênticas equipas de especialistas que depois de receberem os road-books ao fim da tarde, conseguiam implantá-los em mapa. E a partir daí, refaziam os road-books com detalhes impressionantes, que resultavam numa enorme vantagem para quem os dispunha.
“Isso agora acabou”, assegura David Castera. “No plano desportivo, os navegadores vão tornar-se nos protagonistas”. Será como que um regresso ao passado. A um passado relativamente distante, “pois finalmente, todos estarão em condições de igualdade à partida de cada etapa”. Castera fala do ponto de vista da informação, obviamente…
Contrato anual de 15 milhões por cinco anos
Quando dizemos que antecipamos as novidades do Rali Dakar 2020, não estamos a desvendar o percurso. Esse, realmente, somente será revelado, e em traços gerais, na manhã do próximo dia 25 de Abril. E que ninguém espere uma revolução. Embora a passagem do rali para a Arábia Saudita o possa parecer.
Será o 30º país a acolher a caravana do “Dakar” em 42 anos de história. O contrato celebrado com as autoridades sauditas vem pôr termo a alguns anos de preocupações e contenção.
Diz-se que para a A.S.O., os “petrodólares” sauditas serão como que um jackpot do Euromilhões. O contrato prevê cinco anos, pelo menos, de provas. E cada edição vale 15 milhões de euros. Três vezes mais do que ultimamente se conseguia arrecadar na América do Sul…
Alargamento a outros países só mais tarde
Uma primeira inspecção do terreno deixou David Castera bastante entusiasmado. E actualmente prossegue na Arábia Saudita uma equipa da organização, que está a fazer um levantamento das várias possibilidades.
O percurso definitivo ainda está a ser definido. Dentro de 10 dias, apenas será adiantado um esboço. As novidades do Rali Dakar 2020 contamo-las aqui. E somente em Novembro ficaremos a conhecer por onde a prova vai passar. Depois das duas missões de reconhecimentos, que estão previstas para Setembro e Outubro. Será nessa altura que irão desenhar o road-book e, depois, confirmá-lo.
Quanto ao alargamento do percurso, Castera diz que não será mesmo para já. Mas admite que possa acontecer: “Todo o Médio-Oriente vai abrir-se ao ‘Dakar’ nos próximos anos”.
Texto: Alexandre Correia
Fotos: D.R.