A Baja do Dubai terminou com dois portugueses a subir ao pódio. João Costa e Nuno Lima foram os terceiros classificados na competição nacional disputada no âmbito desta prova, a segunda da Taça do Mundo FIA de Bajas. Em termos absolutos, a Baja Internacional do Dubai foi ganha pela Toyota Hilux de Yazeed Al-Rajhi e Michael Orr; nas motos, venceu a KTM SX F-450 do britânico Sam Smith…
Anulada em 2020 devido às restrições causadas pela pandemia do COVID-19, a Baja do Dubai cumpriu-se agora sem problemas. Bastou seguir a receita já experimentada no Rali Dakar, impondo testes negativos a todos os envolvidos e regras bastante apertadas. Aliás, a ideia de distanciamento social parece mesmo ter sido seguida por Yazeed Al-Rajhi, tal a vantagem com que o piloto saudita terminou.
A ‘desforra’ de Yazeed Al-Rajhi ficou bem marcada
Campeão de Todo Terreno na Arábia Saudita, Yazeed Al-Rajhi não conseguiu no recente Rali Dakar o resultado relevante que tanto ambicionava. Embora tivesse ganho duas etapas, à chegada ficou num modesto 16º lugar. Assim, a forma como exerceu o domínio na Baja Internacional do Dubai foi como que uma desforra. E neste caso, não houve dúvidas em como marcou fortemente a sua vitória nos Emirados Árabes Unidos. Ao fim de 386 quilómetros cronometrados dispunha de 33 minutos e 49 segundos de vantagem sobre o adversário mais próximo.
No final da primeira etapa, cumpridos que estavam 192 quilómetros através das dunas e das planícies do deserto de al-Qudra, Al-Rajhi já dispunha de 22 minutos e 31 segundos de avanço. Contudo, atrás do piloto da Toyota, a segunda posição motivava um renhido duelo, com dois pilotos separados entre si por apenas quatro segundos!
Duelo renhido pela segunda posição
O Mini John Cooper Works Rally de Yasir Seaidan venceu este duelo no primeiro dia de prova, batendo o Peugeot 3008 DKR de Khalid Al-Qassimi. Mas na segunda etapa, quem bateu literalmente no Mini do piloto saudita foi Al-Qassimi: Yasir Seaidan ficou atolado na areia após cruzar uma duna onde encontrou uma moto parada. E logo a seguir, o Peugeot de Al-Qassimi é igualmente surpreendido por esta situação e não conseguiu desviar-se, acertando em cheio na traseira do Mini.
Apesar desta colisão ter provocado danos mais graves no Mini, que no Peugeot, o certo é que ambos puderam prosseguir e terminar. Todavia, os quatro segundos de vantagem que Yasir Seaidan contava transformaram-se num atraso de quatro minutos e cinco segundos, vendo-se ultrapassado por Khalid Al-Qassimi; o francês Pierre Lachaume, ao volante de um buggy Zephir, da PH Sport, foi o quarto, já a 18 minutos do anterior, mas também ele com larga vantagem sobre o seguinte. E o quinto posto coube ao russo Pavel Lebedev, que venceu o grupo T4, com Can-Am Maverick
A corrida internacional, para os automóveis, contou apenas com duas dezenas de inscrições, contra mais do dobro nas motos e quads, que também aqui marcaram pontos para a respectiva Taça do Mundo da FIM. Na prova nacional, participaram dez equipas, entre as quais uma portuguesa…
O sucesso de João Costa e Nuno Lima na Baja do Dubai
João Costa é um veterano dos quads, categoria onde competiu activamente há cerca de duas décadas. Mas depois de um “acidente feio na Baja de Portalegre, em 2001”, só voltou a correr em 2012, de novo na maratona alentejana. E foi a despedida dos quads, pois voltou a cair e a lesionar-se. Assim, em 2013 repetiu a prova já ao volante de um buggy 4×2 e finalmente terminou, mas nos dois anos seguintes não teve a mesma sorte.
Entretanto, desde 2012 que João Costa tinha começado a viver no Dubai. “Depois de muitos passeios pelas dunas, comecei a competir no Emirates Desert Championship em 2017”, conta-nos o piloto. No ano seguinte, João Costa foi o quinto classificado nos SSV e como em 2019 foi criado o UAE Baja Championship, apostou neste novo campeonato e foi o segundo classificado.
Vice-Campeão na classe UTV NA, João Costa não se assume como um piloto, mas simplesmente como “um apaixonado do todo terreno de toda a vida”. A propósito, as suas memórias recuam umas três décadas, “desde os tempos em que ia de Honda Vison desde Coimbra até à Lousã ou à Figueira da Foz, só para ver passar a caravana da Ronda dos Castelos”. Quanto ao seu navegador, Nuno Lima, explica-nos que estreou-se em competições nesta Baja do Dubai.
Nuno, que também trabalha nos Emirados, “já leva muitas horas comigo a andar no deserto, em passeios e até provas de navegação”. E não se pode dizer que não tenha tido uma estreia promissora, ao conquistar a terceira posição final da classificação nacional juntamente com João Costa. Tripulam um Yamaha YXZ 1000 R, uma máquina de motor normalmente aspirado, mais limitada que os veículos com motor sobrealimentado por turbocompressor.
Texto: Alexandre Correia, com Pedro da Silva Fotos: D.R.