Ao meio dia de Lisboa ainda serão 07h00 da manhã em Lima, mas a capital peruana não esperou o nascer do sol para despertar. Porque hoje será um dia diferente, especial. Arranca do centro de Lima o Rali Dakar 2018. E está prometida uma grande corrida. Mas hoje o “Dakar” será um aperitivo…
A corrida hoje vai resumir-se a 31 quilómetros cronometrados, com as primeiras passagens em areia. A expectativa quanto aos resultados é enorme, mas esta espécie de prólogo somente poderá ser decisiva para fizer fizer asneiras. E nenhum dos candidatos a vencer vai querer arriscar. Por isso é que tantas vezes o arranque com um troço curto resultou na surpresa de um vencedor que não estava na lista dos favoritos. Para os “outsiders”, realmente vale a pena correr todos os riscos; pois mais vale um dia em glória que uma vida toda na sombra.
Peugeot, Toyota e Mini posicionam-se para ganhar. Nenhuma marca corre senão atrás das vitórias, seja etapa após etapa, seja no final. Mas já tivemos alguns casos inesperados no “Dakar”, em que o vencedor final praticamente não ganhou nada pelo caminho: apenas chegou á frente no final da corrida. Portanto, o que vai perdurar na memória é o registo final, dentro de duas semanas.
Do Perú à Argentina, passando a meio pela Bolívia, a corrida ainda será longa e dura. Estes primeiros dias serão particularmente selectivos. São diversas jornadas em que a areia e as dunas irão marcar o percurso. Depois, vem a altitude, muita, a trazer novas dificuldade. E estas poderão ser acrescidas se a chuva marcar encontro com a caravana no Altiplano boliviano.
Já na fase final, uma etapa maratona com cerca de um milhar de quilómetros em dois dias poderá ser o derradeiro golpe de misericórdia. Tal como a passagem pelas famosas dunas de Fiambalá. Porque depois, até Córdoba, mesmo que os pisos voltem a estar encharcados pela chuva, será mais um rali tradicional que uma corrida de todo terreno.
E quanto a nós, privados inesperadamente dos dois “motards” sobre os quais havia maior expectativa, Paulo Gonçalves (Honda) e Mário Patrão (KTM), teremos outros por quem torcer. Carlos Sousa, por exemplo: regressa com a equipa da Renault Argentina. Ao volante de um Duster com motor V8 a gasolina cheio de energia, Sousa será apenas um dos nossos “homens” na corrida. E não só porque não há mulheres portuguesas nesta edição.
André Villas-Boas, que se estreia em competições com um 4×4, é outro. O treinador de futebol dispõe de uma Toyota Hilux da Overdrive; ao seu lado terá, como navegador, Ruben Faria. Tal como, para darmos mais um exemplo, Pedro Mello Breyner e Pedro Velosa. Esta dupla aventura-se na classe dos UTV com um Yamaha, apostando numa classe emergente, que terá apenas uma dúzia de participantes. Mais logo, veremos como foi saboreado este aperitivo…
Texto: Alexandre Correia
Fotos: Red Bull Content Pool/Marcelo Maragni