No departamento encarregue da produção da Classe G da Mercedes-Benz, a tradição ainda é o que era: desde meados da década de 1970, quando os primeiros protótipos rolantes deste lendário todo terreno foram construídos, que cada nova versão é submetida a um exame rigoroso. Simples, mas rigoroso. Consiste em subir até ao topo a montanha de Schöckl, quase em frente à fábrica, nos arredores Graz. O novo Mercedes-Benz Class G, que dentro de duas semanas substituirá finalmente o modelo original, de 1979, já cumpriu este exame. E passou com distinção!
Se dissermos apenas que esta experiência consiste num percurso de apenas 5,6 quilómetros, estaremos a convidar o leitor a substimar o teste a que desde o começo todas as variantes da Classe G têm sido sujeitas. Porque neste caso, a distância é apenas uma mera referência, que nada significa se não acrescentarmos que até ao cume da montanha de Schöckl os trilhos chegam a subir 60 graus, com passagens onde a inclinação lateral atinge os 40 graus. E regra geral, um exame completo significa 357 passagens nesta subida. Ou seja, nenhum modelo é aprovado à primeira, nem à segunda, nem sequer à centésima passagem: terá de percorrer 2000 quilómetros montanha acima.
Mais comprido e mais largo, mas com menor altura e centro de gravidade mais baixo, o novo Classe G não vai desonrar o modelo que conhecemos há quase 40 anos. É absolutamente inovador do ponto de vista de tecnologia, mas não abdica das notáveis aptidões em todo terreno que fizeram do G uma referência incomparável. Ou quase…
Uma das maiores novidades é a suspensão dianteira independente, que é combinada com um eixo rígido atrás. De resto, a transmissão, com caixa automática de 9 velocidades e redutores, além de disponibilizar tracção integral permanente, oferece os três diferenciais bloqueáveis, assegurando só por aí a máxima capacidade de progredir em terrenos difíceis, como encontramos nesta montanha da Áustria.
E não podemos deixar de referir que a capacidade de redução da caixa de transferências é de 2,93:1, contra os 2,10:1 actuais. Inédita é a possibilidade de engrenar as redutoras em andamento, até 40 km/, e fazer a operação inversa, passando para as relações longas, até aos 70 km/h!
Para que fiquem a pensar, adiantamos apenas os valores que fazem do novo G um todo terreno ainda melhor que o anterior: o ângulo de ataque é de 30 graus e o de saída é de 31º, mais 1º, que também é ganho no ângulo ventral, fixado em 26º. Consegue subir pendentes com 100% de inclinação, oferece 241 mm de distância ao solo entre os eixos, mais 6 mm, e pode mergulhar em planos de água até 70 cm, ou seja, mais 10 cm que o modelo actual. O curso da suspensão é também, generoso, contribuindo para a maior eficácia.
Subimos os trilhos do Schöckl com diversos Mercedes-Benz G Class há alguns anos. E estamos ansiosos por regressar, para repetir a experiência com o novo modelo…
Texto: Alexandre Correia
Fotos: Direitos Reservados