São cerca de 6500 quilómetros desde Nador, na costa oriental mediterrânica de Marrocos, até Dakar, a capital senegalesa, onde a caravana do África Race está prevista chegar no dia 14 de Janeiro. Trata-se da décima edição desta corrida, dirigida por duas das figuras mais lendárias do “velho” Rali Dakar: René Metge, que é o director de prova, e Jean-Louis Schlesser, que é o patrão da organização. Ambos prometem uma grande corrida, que seja ainda uma profunda homenagem a Thierry Sabine, o carismático criador do “Dakar”.
Nesta altura, em que se completa a terceira etapa, de um total de 12, a grande maratona africana ganha cada vez mais ritmo. Bio-Ritmo, dirão Elisabete Jacinto, José Marques e Marco Cochinho, que têm vindo a progredir gradualmente na classificação com o MAN vermelho e amarelo. Ainda entre os portugueses, registe-se o excelente desempenho das Yamaha de Luís Miguel Oliveira e de Rui Oliveira, que esta manhã arrancaram o terceiro e quarto lugares absolutos. Bem mais atrasado, prossegue João Rolo, que está no 28º posto das motos, com uma KTM.
A primeira etapa, com um curto sector selectivo de somente 92 quilómetros, não trouxe surpresas ao camião com as cores portuguesas. O percurso cronometrado caracterizava-se por alguma dureza e dificuldades de navegação, nomeadamente pelos constantes cruzamentos e por implicar descobrir pistas que nem sempre eram visíveis de modo evidente. Nada disso foi complicado para José Marques, o experiente navegador de Elisabete Jacinto. Todavia, ao fim de poucos quilómetros o MAN alcançou o camião que os antecedia e ultrapassar o Tatra de Tomas Tomecek revelou-se uma tarefa ingrata, que fez a piloto portuguesa perder bastante tempo submersa na poeira levantada pelos rodados do camião checo. “O problema foi nosso, digamos assim, pois o nosso aparelho do sistema Sentinel, que accionamos para alertar o veículo precedente que foi alcançado por outro mais rápido, não funcionou”, explicou Elisabete Jacinto, que completou a etapa de abertura no quinto posto entre os camiões, posicionando-se no 15º lugar em termos absolutos, se considerarmos os automóveis e os camiões.
Já na segunda etapa, ao mesmo tempo as as motos dos portugueses Luís Miguel Oliveira e Rui Oliveira se adiantavam, colocando-se entre os primeiros, o camião de Elisabete Jacinto conheceu algumas dificuldades, que se reflectiram na chegada a Foum Zguid. Cerca de 40 minutos com o MAN plantado nas areias do Erg Chebi implicaram a perda de alguns lugares em termos absolutos, caindo para o 19º posto, muito embora tenham melhorado uma posição ao nível dos camiões.
Assinale-se que à partida para Assa, esta manhã, a classificação dos automóveis era liderada pelo Mini do russo Vladimir Vasilyev, cujo Mini All4 Racing já se adiantou quase sete minutos e meio ao buggy LCR30 de Mathieu Serradori. Nos camiões, o melhor desde a partida é igualmente o Iveco do holandês Gerard De Rooi, que já conta com uma hora e um minuto de vantagem sobre Tomas Tomecek, em Tatra.
Texto: Alexandre Correia
Fotos: Aifa/Jorge Cunha