Aos 95 anos, Vasco Callixto continua cheio de vida e é uma alegria conviver com este veterano. Volvidos três meses sobre a grande entrevista que concedeu à revista Todo Terreno, voltou ontem a experimentar uma grande homenagem: foi distinguido pelo Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, com o grau de Comendador da Ordem de Mérito, em reconhecimento de uma vida inteira dedicada a escrever relatos de grandes viagens e de memórias históricas. Merece plenamente os nossos parabéns, senhor Comendador!
“Foi mais uma grande homenagem, que me voltou a surpreender, tal como a entrevista na revista Todo Terreno”, confessou-nos Vasco Callixto, num contacto já esta manhã, “depois de um serão que se prolongou até muito tarde, a responder a imensas mensagens de felicitações.”
Regresso ao Palácio de Belém, meio século depois…
Curiosamente, este foi o segundo encontro formal de Vasco Callixto com um Presidente da República Portuguesa: “Já lá tinha estado há cerca de 50 anos, quando fui, acompanhado pela minha mulher, entregar ao Almirante Américo Thomaz um exemplar do último livro que tinha acabado de publicar. Ontem mesmo, recordei isso ao Presidente da República, mas também acrescentei que ele ainda há-de ler um livro novo escrito por mim, pois estou a preparar mais uma obra, que reúne crónicas que tenho publicado nos últimos anos”.
Sempre jovem no espírito, Vasco Callixto também o é na forma. A cinco anos de completar um século de vida, continua a desfrutar do que mais gosta de fazer: ler, escrever e viajar. “Viajar de automóvel, é claro, porque essa sempre foi a minha paixão”, recorda-nos. E para que ninguém tenha dúvidas em como vive em pleno o que mais gosta, continua a conduzir regularmente. “Não levo o carro para Lisboa, porque além de ser cada vez mais difícil estacionar, como é anterior ao ano 2000, não me permite aceder ao centro da cidade. Mas, de resto, vou a todo o lado com o meu automóvel”…
Aos 95 anos “ainda conduzo o meu automóvel para viajar!”
“Ainda faço regularmente a viagem desde a Amadora, onde sempre vivi, até à praia de Santa Cruz, onde tenho uma casa. Vou por estradas nacionais, pois não vale a pena gastar dinheiro em portagens, porque o que eu tenho mais é tempo”. Ao volante do seu Opel Corsa, o Comendador Callixto não tarda senão “cerca de 50 minutos nesta viagem; conheço cada palmo de estrada!…”
Recentemente, fomos encontrarmo-nos com Vasco Callixto a Santa Cruz. Foi uma bela tarde, daquelas em que a conversa flui tão alegremente, que nem damos pelas horas a passar. E esta manhã, ao conversarmos de novo, confidenciou-nos, como quem conta um segredo ‘maroto’, a sua última aventura:
“Já sentia vontade de fazer uma grande tirada, porque gosto mesmo de longas viagens. Então, peguei no Opel e fui até à Beira Alta e voltei. Fui até à região do Sabugal. Percorri mais de sete centenas de quilómetros de uma assentada. Que bem que me souberam!…” – Muitos parabéns senhor Comendador e que ainda tenha longos quilómetros pela frente.
Texto: Alexandre Correia Foto: Rui Ochôa