Vai ser o passeio do ano! Falamos do ‘Portugal Norte-Sul’, que está agendado para os dias 7 a 10 de Outubro. A organização é do Clube Land Rover de Portugal e antecipámos o evento, ao participar nos últimos reconhecimentos do percurso. Durante três dias bastante intensos, percorremos quase três milhares de quilómetros com o novo Land Rover Defender P400. para ligar Vila Pouca de Aguiar a Santa Catarina da Fonte do Bispo, onde começa e terminar este passeio, foram 1629 quilómetros. E não que o ‘Portugal Norte-Sul’ seja assim tão extenso, mas os reconhecimentos implicam um constante vai-vem a verificar os caminhos. E o resultado final é fantástico, levando-nos a acreditar que vai ser o passeio do ano…
O ano passado, tivemos oportunidade de acompanhar a realização do ‘Portugal Norte-Sul’. Em 2019, esta iniciativa do Clube Land Rover de Portugal estabeleceu a ligação entre Macedo de Cavaleiros e Vilamoura. A travessia entre Trás-os-Montes e o Algarve orientou-se então por uma rota através do leste do País, com escalas em Castelo Branco e Reguengos de Monsaraz. Este ano, o itinerário traça uma nova rota, bem pelo centro do País. Depois de termos acompanhado os reconhecimentos, acreditamos que vai ser o passeio do ano!
Percurso quase em paralelo à Estrada Nacional 2
Desta feita, o percurso escolhido por António Antunes, o responsável pelo levantamento inicial, segue quase que em paralelo à Estrada Nacional 2. Como se fosse uma homenagem aos 75 anos desta estrada, que depois de décadas de profundo esquecimento, hoje é diariamente percorrida por imensos turistas. De tal modo que o Clube Land Rover de Portugal viu-se obrigado a alguns desvios, de modo a assegurar alojamento para os participantes, durante o passeio.
Por isso mesmo, o ‘Portugal Norte-Sul’ 2020 não poderá começar em Chaves, onde está o quilómetro zero da N2, nem sequer poderá concluir-se em Faro, onde a estrada atinge o termo. Vai partir, na manhã de 8 de Outubro, de Vila Pouca de Aguiar. Tal como o ano passado, o traçado transmontano é breve e esgota-se com a travessia do rio Douro, que acontecerá em Peso da Régua. Até Vila Real, o percurso seguirá precisamente pela N2, pois só a partir daí é possível dar início ao traçado fora da estrada.
As primeiras pistas desenrolam-se nos cenários majestosos das encostas do Douro. Hoje estão verdejantes e a vindima ainda estava por começar quando lá passámos, na semana passada. Mas em Outubro, o vermelho e laranja já estará a cobrir os vinhedos, tingindo-os com as fortes cores outonais. A beleza será ainda maior.
As maiores dificuldades nesta fase serão os caminhos estreitos, por vezes tão estreitos que haverá que recolher os espelhos laterais; por inúmeras ocasiões, se não o tivéssemos feito, o Defender P400 não teria conseguido passar.
Duas etapas entre a Beira Alta e a Beira Baixa
Entre a Beira Alta e a Beira Baixa, serão duas etapas. Ou quase: na primeira jornada, grande parte da ligação desde Vila Pouca de Aguiar a Oleiros é através das Beiras. Depois de treparmos a Serra das Meadas, espreitando ao fundo o Douro e a cidade de Peso da Régua, a paisagem muda. Ficam para trás as vinhas da Região Demarcada do Douro e chegam os caminhos despojados da Serra de Montemuro. A paisagem é rude e o percurso salpicado por pequenas aldeias, muitas delas quase abandonadas.
Após descermos até às margens do rio Paiva, voltamos a encontrar pela frente novos cenários e é a floresta que nos irá acompanhar quase sempre até Oleiros. Aqui e acolá, por entre a densidade do arvoredo descobrimos ‘abertas’ que nos surpreendem, ao revelar a plenitude das serras. E nos troços florestais, os troços de terra são geralmente mais rolantes e rápidos. Mas, para não transformar a jornada num percurso de corrida, são intercaladas passagens mais lentas e técnicas. Sempre sem percursos impossíveis de transpor, pois não há tempo a perder, que a etapa é a mais longa e demorada.
Descer ao encontro do Ribatejo e terminar o dia no Alentejo
A segunda etapa atravessa três regiões de uma assentada. Arranca em Oleiros, em plena Beira Baixa, para terminar em Évora, no Alto Alentejo, depois de uma fugaz passagem pelo Ribatejo. Era para ser mais do que fugaz, mas depois destes reconhecimentos, a direcção do Clube Land Rover de Portugal decidiu introduzir algumas alterações.
“Inicialmente, tínhamos pensado ir de Oleiros a Coruche e Santarém, mas percebemos que a etapa se tornaria demasiado longa”, contou à revista Todo Terreno o Presidente do Clube Land Rover de Portugal. Frederico Gomes adiantou ainda que “esta solução tinha o inconveniente de no dia seguinte começarmos por uma ligação em asfalto que repetia o percurso até Coruche. E percebemos que seria melhor evitar isso. Mas, por outro lado, também entendemos que este passeio começa a precisar de alargar-se a quatro dias. Este ano, já não vamos a tempo disso mas, provavelmente, no próximo já será assim. E agora, para não castigar os participantes com um exagero de quilómetros, decidimos que o percurso fora da estrada do segundo dia termina em Montargil. E a partir daí, segue-se uma ligação por estrada até Évora”.
Estas mudanças tornam o percurso bastante equilibrado. O arranque é também por uma ligação “confortável” em asfalto. Saímos de Oleiros e avançamos pela “N2”. O percurso segue nas cumeeiras, oferecendo uma bela panorâmica sobre o rio Zêzere e os braços de água criados pela imensidão da barragem de Castelo do Bode.
Passagem pelo “centro geográfico” de Portugal
A partir, sensivelmente, de Vila de Rei, os troços fora da estrada entram numa incrível sucessão, que introduzirá um ritmo forte ao passeio. Os troços são quase sempre rolantes e convidam a desfrutar da condução. A paisagem, essa, por vezes, é ainda desoladora, reflectindo os incêndios florestais dos anos anteriores.
Após a travessia sobre o rio Tejo, em Alvega, entra-se em pistas ainda mais rápida, Mas incomparavelmente mais belas. A partir daqui, os sobreiros tornam-se dominantes, apesar de uma outra mancha de eucaliptos e até de pinheiros. No derradeiro sector, o percurso chega a Ponte de Sôr, que é atravessada de ponta a ponta.
O troço final da jornada, em termos de todo terreno, culmina com a chegada a Montargil, que descobrimos desde um outeiro sobre a povoação, que domina a paisagem até à albufeira da barragem. Quando aí chegamos, a imagem é encantadora e ao final da tarde ainda mais bonita! Depois, reencontramos o asfalto da “N2”, que seguimos até Mora e Montemor-o-Novo, para depois trocarmos pela “N114” até Évora.
Por caminhos de vistas amplas nas planícies alentejanas
Finalmente, o terceiro dia segue por caminhos de vistas desafogadas até ao Algarve. Quando dizemos que o ‘Portugal Norte-Sul’ vai ser o passeio do ano, pensamos no desfilar de caminhos que tivemos oportunidade de percorrer nestes reconhecimentos.
Podemos mesmo dizer que o percurso é um crescendo de agradabilidade. Quanto mais para sul, cada vez mais bonito e ritmado. Com tantos e tantos quilómetros, para cumprir em apenas três dias, não dava para incluir passagens com dificuldades. Embora tenhamos reconhecido todo este passeio com um dos modelos mais capazes da actualidade, mas para explorar o potencial do novo Land Rover Defender P400 foi preciso sair da rota…
E voltando ao percurso do ‘Portugal Norte-Sul’, a saída de Évora “atira” os participantes para uma rápida ligação até Viana do Alentejo. Em meia hora, que aos mais velozes dará tempo para uma pausa para um café, terão atingido o ponto de arranque da última jornada, fora da estrada. Há que seguir a indicação da Barragem de Odivelas e daí até Barranco do Velho, já no Algarve, raras vezes voltamos a ver o asfalto.
Regresso aos caminhos serranos do Algarve para terminar
As pistas do Baixo Alentejo conduzem-nos até próximo de Almodovar. E logo a seguir, o itinerário embrenha-se nas serranias algarvias, que culminam, aqui e acolá, em formações de calcário, a que chamamos barrocais. Os caminhos, nesta fase final do passeio, não são inéditos. para todos os repetentes, que haverá alguns, será um reencontro agradável. Percorremos pistas rápidas, rolantes, largas e quase sempre de bom piso, que convidam a usar mais o pedal do lado direito que o do meio.
O troço final concluiu-se próximo da pista internacional de motocross da Cortelha. Daí em diante, retoma-se o asfalto da “N2” até Barranco do Velho e São Brás de Alportel; nesta vila tomarmos rumo a leste e a Santa Catarina da Fonte do Bispo. Ultrapassada esta povoação, prosseguimos mais uma mão cheia de quilómetros até ao lugar do Marco. Daí o nome do hotel rural onde terminará aquele que vai ser o passeio do ano: Quinta do Marco. Rodeado por um deslumbrante jardim, este hotel rural é perfeito para concluir o ‘Portugal Norte-Sul’ 2020. E valerá a pena chegar cedo ao final. Não que o jantar de encerramento – que promete uma celebração à mesa – não espere por todos os participantes, mas para desfrutar do conforto desta unidade…
Últimas inscrições disponíveis: apenas sobram cinco lugares
A caravana do ‘Portugal Norte-Sul’ não contempla senão 25 Land Rovers. Esta é apenas uma das regras indispensáveis para participar. A outra é ser sócio, com as quotas em dia, do Clube Land Rover de Portugal. O programa inicia-se ainda a 7 de Outubro, em Vila Pouca de Aguiar, com o ponto de encontro dos participantes. a primeira noite já está incluída na inscrição, que custa custa 650,00 euros, valor que inclui quatro noites de alojamento, bem como três jantares. todas as manhãs, a organização fornece um pacote para os “almoços volantes” durante o percurso, pois não haverá tempo para sentar à mesa.
Restam apenas cinco inscrições por preencher. Quem quiser desde já assegurar lugar nesta caravana, para em Outubro, de 7 a 10, atravessar de novo Portugal, deverá liquidar metade do custo desta taxa, pagando a outra metade até final de Agosto. Os interessados podem obter mais informações consultando o sítio de internet do Clube Land Rover Portugal em https://clubelandrover.pt/atividades/. E reafirmamos, depois da experiência destes reconhecimentos, que vai ser o passeio do ano!
Texto e Fotos: Alexandre Correia
2 comentários
Mais um excelente artigo e um grande evento, pelos trilhos apresentados promete ser um excelente passeio.
Vai mesmo ser um belo passeio! A demonstrar, mais uma vez, aquilo que todos já sabemos: que Portugal tem paisagens lindas e que muitas das mais belas não se vêm das estradas, mas sim desde os caminhos de terra que se recortam além do asfalto…