Com 16 dias de viagem cumpridos, o UMM Alter II da Volta a África já percorreu perto de seis milhares de quilómetros e atravessou seis países, contando ainda com a breve passagem por Portugal e Espanha. Os primeiros quatro países africanos visitados foram Marrocos, Mauritânia, Mali e Burkina-Faso. E é neste último que Hélio Rodrigues e Daniel Amaro se encontram, ainda a caminho da capital…
O mais importante de tudo é podermos adiantar que volvidos os 5632 quilómetros percorridos até à chegada à capital do Mali, o UMM Alter II da Volta a África continuava em perfeitas condições! É certo que o desafio ainda mal começou, pois não estão sequer cumpridos 15 por cento da distância. Mas o “moral” é elevado e a experiência continua a ser tão marcante quanto exemplar. Recordamos que Hélio Rodrigues e Daniel Amaro, os dois expedicionários, conduzem um UMM Alter II de 1990, com motor atmosférico de apenas 70 cv.
Aventurarmo-nos por África com um veículo com quase 30 anos e perto de 300.000 quilómetros é mesmo uma aventura. Mas Victor Moniz, o “pai” do projecto da Volta a África, queria mesmo fazê-lo com um UMM. “É um veículo português e hoje começa a cair no esquecimento”, considerada Victor Moniz. “Quando os primeiros portugueses participaram, com sucesso, no Paris-Dakar, dispunham deste motor. E se conseguirmos concluir a ronda pelo continente africano, será igualmente uma vitória”; como então a marca tanto publicitou, ao anunciar que eram “3 UMM à partida e 3 UMM à chegada”.
Rolar em UMM exige tranquilidade…
Recordamos que esta viatura custou 5000 euros e que a sua preparação para a viagem, “uma grande revisão geral”, ficou em cerca de 2000 euros. Ir tão longe, África abaixo, com tão curto encargo, é em si um exemplo extraordinário de como estas aventuras, afinal, são mais acessíveis do que parecem. E o projecto da Volta a África “é uma forte aposta, para ser cumprida a viagem toda, com o UMM”, assegura Victor Moniz.
Para já, Hélio Rodrigues e Daniel Amaro irão encontrar-se com Moniz em Lagos, na Nigéria, a meio de Novembro. Uma vez reunidos, os três prosseguirão juntos até Luanda. Victor Moniz irá aos comandos da Yamaha Ténéré com que partiu de Lisboa, em Maio de 2017. “O sonho é cumprir essa viagem e não desisto enquanto não conseguir”. E como se diz que “à terceira é de vez”, Victor Moniz está determinado a dar razão ao ditado popular!
A travessia do Sahara ficou para trás
Agora que a travessia do Sahara ficou para trás, Hélio Rodrigues e Daniel Amaro têm pela frente a verdadeira África Negra! A das grandes florestas, que o homem e a ganância ainda não consegui destruir. Não falta muito, mas o cenário ainda não é dramático como por vezes nos querem fazer querer. Ainda “estacionados” em Bamako, os dois expedicionários têm aproveitado para explorar a capital do Mali, famosa por ser a terra da origem dos Blues. Sair à noite, a um bar com música ao vivo, para ouvir uma banda de Blues tocar em Bamako é uma experiência inolvidável!
E o que se passou com a equipa do UMM nesta última semana? Apenas um desenrolar de quilómetros, intervalados por alguns simpáticos encontros, como o que os fez conhecer, em Nouakchott, dois velhos amigos da Todo Terreno: Sidi Sylla e João Pereira. Um e outro conhecem como pouca gente conhece todos os recantos do deserto mauritano. E é difícil encontrar melhores companheiros de viagem. Foram eles os anfitriões de Rodrigues e Amaro na capital da Mauritânia. E a “visita guiada” pela cidade tornou a escala não só especial, como a alongou…
Depois, retomaram caminho para sul. Mas orientaram-se também para leste. Desceram a Mauritânia até Kiffa e Kobenni, para aí alcançarem a fronteira com o Mali. Estavam percorridos 4997 quilómetros quando sairam da Mauritânia!
Entrar no Sahel pelo norte do Mali
A entrada no Mali coincidiu com a despedida no Sahara. Hélio Rodrigues e Daniel Amaro somente daqui a uns cinco meses e cerca de 30 mil quilómetros voltarão a cruzar este deserto; mas pelo lado oriental, no Sudão e no Egipto. Por agora, saíram do Sahara para entrarem no Sahel, como se designa a zona tampão entre o deserto e a África Negra, verdejante e cheia de água e vida.
Na primeira jornada através do Mali, o UMM avançou apenas até Dioumara, uma pequena comunidade, situada junto à estrada principal, que faz a ligação entre Dakar e Bamako. A chegada à capital aconteceu de manhã cedo, dois dias mais tarde. No caminho, os expedicionários não resistiram a ir explorando tudo o que foram encontrando. E não havia pressa, pois os consulados das embaixadas onde precisavam de obter documentação, estavam fechados para o fim-de-semana. Quisessem, ou não, seriam obrigados a tirar uma folga. E, convenhamos, não foi um sacrifício para nenhum…
E passar à África Negra com a entrada no Burkina-Faso
Esta terça-feira, Hélio Rodrigues e Daniel Amaro entraram no quarto país da lista: o Burkina-Faso. Para lá chegarem, o UMM desceu o Mali até ao sudoeste e a contagem da distância percorrida já se aproxima dos sete milhares de quilómetros.
A visita a algumas magníficas quedas de água, ainda no Mali, encantou os dois condutores do UMM. Uma viagem destas não é normal repetir-se, pelo que há que aproveitar bem cada momento. Num contacto com a Todo Terreno, já a meio desta tarde de terça-feira, 29 de Outubro, Hélio confirmou que continua tudo “em excelentes condições. Temo-nos divertido muito e mesmo o cansaço foi superado com a demorada paragem em Bamako!” E isso é que são boas notícias: por agora, o registo de bordo assinala os primeiros quatro países africanos visitados!
Texto: Alexandre Correia
Fotos: Hélio Rodrigues e Daniel Amaro/Volta a África
21 comentários
GRATA pela vossa comunicação. Quando o Daniel regressar ninguém o cala🤩 se lhe aparecer o jornalista o gajo foge🤭🤭
Parabéns vizinhos Pela coragem e determinação que vos move nesta que, será com certeza a aventua que ficará para a vida!
Para quem conhece o Daniel Amaro, foi a maior das surpresas. Menino tímido e sempre ausente de “tudo”, hoje é isto, cheio de muito para mostrar!
Continuação de boa viagem e com saúde para concluírem o vosso percurso. Beijinho grande
Quem diria, não é Alice? Há sempre surpresas, como esta, pelos vistos, especialmente agradável. Os dois “rapazes” lá prosseguem África abaixo, a desfrutar de uma experiência magnífica, que poucos terão alguma vez oportunidade de viver. Mas concordamos com essa timidez de Daniel Amaro, pois é realmente Hélio Rodrigues quem mais expressa tudo quanto estão a viver…
Fantástico! Mais uma evidência que para iniciar a aventura o mais importante é o espírito! Depois não faltam as formas de a concretizar! Eu que também tenho o bichinho de estar sempre em movimento estou curioso por seguir de perto estes aventureiros! Boa sorte e continuem a fazer os leitores desta fantástica revista viajar pelas terras de África!
Luis Jerónimo
Caro Luís, realmente, o que importa é isso mesmo: é a vontade de partir! E enquanto não partimos para as estas paragens, vamos partilhando as aventuras desta equipa, para ir alimentando a paixão pelas viagens e, em particular, pelas expedições transafricanas!
Foi um prazer conhecer o Hélio e o Daniel. Gente boa com espírito de aventura.
Caro João, não temos dúvidas quanto a isso. Daí o enorme empenho da revista Todo Terreno em procurar dar a maior dimensão a esta aventura!
Os meus sinceros parabéns pela força e coragem, eu tenho um Alter II, que ainda precisa de alguma intervenção, quando estiver 100% capaz, também irei à aventura, forte abraço, que continuem com sucesso e segurança.
Não deixe de aventurar-se! Tudo o que precisa, além de uma viatura fiável, em boas condições de utilização, é de informação séria. E sabemos que esse é o maior problema: muitos dos que viajam não partilham as suas experiências com seriedade. Este projecto, da Volta a África, merece-nos todo o apoio e confiança, precisamente por acreditarmos que o que move Victor Moniz, Hélio Rodrigues e Daniel Amaro não é a vaidade!
Excelente texto! Estou a viajar com a escrita do Alexandre…Parabéns 👏👏
Maria de Fátima, muito obrigado pelo seu comentário. Agrada-nos saber que a leitura destes artigos a transportam até esses lugares maravilhosos de África…
Alexandre Correia. Obrigado pelos textos envolventes e que nos tornam viajantes. Divinal
Tomara sejam cada vez mais os leitores a entender isso e a deixarem-se envolver pelo gosto de viajar através do Mundo. E que, entretanto, apoiem este projecto da Volta a África, porque quanto maior foi o âmbito da divulgação, maior ainda será a sua dimensão!
Parabens ao Alexandre Correia por nos fazer sentir estar dentro da viagem
Caro Victor, para nós, escrevermos estes artigos, também nos faz sentir a reviver outras viagens!
e siga que só vamos com 15/ da viajem
Esta viagem é como o desafio entre a lebre e a tartaruga. Tranquilamente, a tartaruga cumpriu o percurso todo e chegou em primeiro lugar!
Força. Parabéns👏👏👏Continuação de excelente Volta. Abraço equipa 🙂
Esta aventura merece todo o nosso apoio. Obrigado pelo seu Brigite!
Sempre a acompanhar e a apoiar estes amigos.
Verdadeiros heróis num veículo como este. 👏👏👏💪
Fátima, tem toda a razão: para empreender uma aventura destas com uma viatura como este UMM Alter II, é preciso ter coragem. E muita determinação!