Passear em todo terreno começa a ser de novo um programa bastante apelativo. Que o digam os 130 participantes que vão estar presentes no 2º Passeio T.T. Reguengos de Monsaraz-Mafra: a iniciativa da Prolama vai ter lugar nos três primeiros dias de Novembro e promete, pelo menos, um percurso sem poeira!
Quando pensamos em mais de duas centenas de quilómetros fora da estrada, é uma boa notícia pensar que a caravana irá de “Reguengos” a Mafra sem poeira… A confirmarem-se as previsões para este sábado, o grande passeio anual da Prolama reunirá as condições perfeitas para um longo passeio fora da estrada. Invertendo o sentido do percurso, desta feita o passeio vai começar em Reguengos de Monsaraz. E como o primeiro de Novembro é feriado, Carlos Silva e Rui Sousa, responsáveis pela Prolama, aproveitaram para alargar o programa a uma terceira jornada. Isso vai permitir que os 130 entusiastas que se inscreveram no 2º Passeio T.T. Reguengos de Monsaraz-Mafra possam usufruir de um programa mais descontraído; e também mais rico, sobretudo em termos de animação paralela.
Assim, a Capital dos Vinhos de Portugal recebe a caravana já nesta sexta-feira, logo ao início da tarde, para um verdadeiro aperitivo: uma visita guiada à destilaria do gin sharish, considerado pelos apreciadores como um dos melhores do Mundo! A visita compreende uma explicação “in loco” da produção do gin e, evidentemente, termina com uma prova; para abrir o apetite para o jantar, que será servido em Reguengos de Monsaraz. Adiantamos que o jantar será cedo, mas não porque a organização pretenda implementar um horário infantil. Simplesmente “porque depois teremos uma primeira etapa, nocturna, que irá ligar Reguengos de Monsaraz às margens do Guadiana”, junto a Monsaraz, como explicou à Todo Terreno Carlos Silva, da Prolama.
Olhar as estrelas no céu e cear pão com chouriço
A etapa nocturna, além do percurso, “terá dois momentos fortes”, sublinha Carlos Silva. Primeiro, a visita ao Observatório do Lago Alqueva, uma instalação única, “onde teremos oportunidade de olhar enquanto escutamos as explicações dos especialistas. O que faz toda a diferença, pois além de entendermos o vemos, descobrimos coisas espectaculares”, garante o organizador.
O regresso a Reguengos de Monsaraz culmina com a concentração no centro da cidade, para o segundo ponto forte da jornada. “Como o tema do passeio, este ano, é o pão, vamos servir à meia-noite um pão alentejano com chouriço, acabado de sair do forno!” – anuncia Carlos Silva. E, acrescentamos nós, para que ninguém fique “embuchado”, o pão será acompanhado pela degustação de um vinho licoroso da CARMIM.
Travessia leste-oeste com 260 quilómetros
A meteorologia faz prever que sexta-feira possa cair alguma chuva, mas para sábado, as notícias são animadoras: não deverá chover, o que além de deixar os organizadores descansados quanto ao sucesso do piquenique que intervalará o percurso, também alivia as dificuldades. A propósito, Carlos Silva explicou à Todo Terreno que “como a ligação Reguengos de Monsaraz-Mafra é bastante extensa, optámos por um percurso rolante, praticamente isento de dificuldades. Se a chuva prosseguisse, talvez pudesse haver lama num ponto, ou noutro, mas basta uma paragem de um dia para ficarmos descansados quanto a isso. E há ainda outro aspecto positivo: a caravana deverá rolar sem poeira!”
Em concreto, o itinerário soma praticamente 260 quilómetros, entre os quais não se contam mais de 50 em asfalto, “nas inevitáveis ligações, geralmente muito curtas”. Arrancando de Reguengos de Monsaraz, a caravana segue desde logo a direito até à zona de Évora, contornando a cidade. Pouco mais adiante, em Guadalupe, está prevista a visita ao Cromeleque dos Almendres, um dos mais impressionantes conjuntos do género em todo o Mundo. Segue-se a subida ao castelo de Montemor-o-Novo, um perfeito miradouro natural. Dali, aliás, consegue-se desvendar a fase seguinte do percurso: avança até Vendas Novas, onde inflecte para norte, até Lavre.
Junto à estação dos caminhos de ferro de Lavre será montado o piquenique, onde não se esperam nem formigas, nem pingos de chuva. Apenas apetite e boa disposição, para um almoço que não poderá ser prolongado, pois o percurso ainda terá a travessia do Ribatejo, até à região Oeste.
Depois das planícies, terminar com as serranias
Depois do almoço, o itinerário prossegue através do Ribatejo, orientando-se por entre arrozais até Benavente. A ligação de asfalto mais extensa será a que ligará esta vila aos arredores de Vila Franca de Xira. O percurso em todo terreno será retomado após a travessia do Tejo, na Ponte Marechal Carmona. E então, a caravana irá orientar-se na direcção de Arruda dos Vinhos, depois sobe a Sobral de Monte Agraço e continua ainda mais a oeste, pela serra do Socorro.
A capela no cimo da serra do Socorro teve um papel estratégico durante as invasões napoleónicas. Foi integrada na rede de protecção da Lisboa, as chamadas “Linhas de Torres”, para aí ser instalado um posto de comunicações, por sinais de bandeiras, que eram replicados de colina em colina. Daí, olhando mais para sudoeste, descobre-se a parte final do percurso, que se completa com a passagem no Gradil, antes da chegada a Mafra. O jantar, em Mafra, será animado por música ao vivo, mas não continuará com baile. Provavelmente, os participantes não iam ter forças para dançar… Até porque domingo ainda há mais passeio.
Pão Alentejano ou de Mafra? A prova fica para o final…
Domingo, a etapa final terá apenas cerca de 40 quilómetros. “Vamos partir pelas nove da manhã, em frente ao Convento de Mafra”, adianta Carlos Silva. E se no sábado se prevê ir de “Reguengos” a Mafra sem poeira, domingo a chuva deverá mesmo voltar a cair, pelo que também o percurso final não terá pó…
O primeiro ponto alto da manhã será a visita à Aldeia da Mata Pequena. Trata-se de uma povoação típica da região saloia, que foi reconstruída precisamente para preservar a memória dos tempos em que esta zona vivia num ambiente profundamente rural.
A paragem na Aldeia da Mata Pequena será a oportunidade para um confronto especial: uma prova de pão Alentejano e de Mafra. Porque o tema do passeio deste ano é, precisamente, o pão! E caberá ao gosto dos participantes destacarem qual é o que mais lhes agrada. Acompanhado de um “copinho” de Manz Wine, um vinho produzido ali bem perto, em Cheleiros, que começa agora a dar-se a conhecer!
Percorrer os trilhos da Tapada de Mafra no final
Quando forem avistados os moinhos da Malveira, será sinal que a entrada nos domínio da Tapada de Mafra estará próxima. Recentemente distinguida pela Unesco como Património da Humanidade, juntamente com o Convento de Mafra e o Jardim do Cerco, a “Tapada” será percorrida por trilhos e caminhos. “Conseguimos que nos fosse aberta uma excepção, para que a caravana possa rolar por caminhos normalmente interditos”, orgulha-se de anunciar Carlos Silva.
O percurso termina com os derradeiros 6 quilómetros já na chamada Tapada Militar, de dura memória para milhares e milhares de “instruendos” que ao longo de décadas aí cumpriram a instrução militar. O ponto final é a passagem do portão da tapada, mesmo ao lado do Convento de Mafra. Para todos se reunirem no antigo refeitório dos frades, dentro do convento, para o almoço final e entrega de prémios!
O 2º Passeio T.T. Reguengos de Monsaraz-Mafra é uma iniciativa da Prolama Competições, com patrocínio das câmaras municipais de Reguengos de Monsaraz-Capital dos Vinhos de Portugal e de Mafra. E com o apoio da Laso Transportes, Alenmote, Consilcar, Total, Barata Hotels, Isuzu, Brandstamina, Sharish Gin e Manz Wine. A revista Todo Terreno apoia a divulgação deste passeio.
Texto: Alexandre Correia
Fotos: AIFA/Jorge Cunha