É uma tradição do Clube Land Rover Portugal que já leva uma década: o último sábado de Janeiro é sempre reservado para um passeio pelos arredores de Torres Vedras. Mas não é um passeio qualquer. É o Dia da Lama, consagrado aos percursos mais exigentes, que normalmente só são transpostos usando pneus de lama e, muitas vezes, os guinchos. Mas quem veio este sábado, saiu a perguntar: quem disse que hoje foi o dia da lama?
Não há regra sem excepção e isso mesmo ficou demonstrado na inesperada facilidade do percurso desenhado por Rui Teixeira. Entre os dirigentes do Clube Land Rover Portugal, foi Rui Teixeira que chamou a si o desafio de escolher os piores caminhos para esta jornada. “As intenções eram as piores, mas por muito que tivéssemos suspirado por mau tempo, não foi suficiente”. O desabafo é de Luís Salgueiro, outro dos responsáveis por esta organização, que fez os últimos reconhecimentos.
“No início da semana, quando fizemos mais uma passagem, percebemos que sem vários dias de chuva, o passeio acabaria por ser mais fácil do que queríamos”, adiantou Luís Salgueiro. E como pouco choveu, a solução foi “alargar o percurso um pouco mais. Acrescentámos uma dúzia de quilómetros no final”, para que o itinerário não estivesse cumprido à hora do lanche. Porque esperava-se que acabasse pelo jantar, um delicioso porco no espeto que, no momento em que escrevemos estas linhas, ainda está sobre as brasas, no pátio das instalações do Clube Desportivo de A-dos-Cunhados!
Mais convívio que lama, mas sempre com animação!
Manhã cedo, pois se pensarmos que falamos num sábado, às nove da manhã ainda é cedo, organizadores e participantes tinham encontro marcado nas Termas dos Cucos. Os 73 quilómetros do percurso deste Dia da Lama demoraram também nove horas a cumprir. “Nada mau para um passeio destes”, dizia-nos Frederico Gomes, o Presidente do Clube Land Rover Portugal. “Há três anos, pelas três da madrugada ainda estava uma meia-dúzia de carros atascados no percurso. Esse ano, o percurso foi tão difícil que o jantar foi servido não no final, mas sim a meio…”, recordou o responsável pelo clube.
Desta feita, quando os últimos Land Rover alcançaram o estacionamento do Clube Desportivo de A-dos-Cunhados, pouco tinha passado do pôr do sol. E ninguém ficou para trás. Bem, ficaram alguns, mas não atascados. “Registámos algumas baixas, devido a transmissões partidas por excesso de esforço: ao tentar superar obstáculos com piso seco, mas com os diferenciais bloqueados, houve alguns que partiram…”
Seja como for, as desistências ficaram a dever-se essencialmente a “exercícios extra”, porque o sentimento geral, à chegada a A-dos-Cunhados, era de um dia divertido, mas muito suave.
Dificuldades ficaram abaixo do que se previa
A travessia do rio Sisandro, ainda nos primeiros quilómetros, era uma das maiores dificuldades do percurso, seguida pela subida num eucaliptal junto à povoação dos Arneiros (na imagem acima), onde ainda havia alguma lama. Antes da paragem para almoço, um piquenique, em que cada um trouxe o seu farnel, houve duas passagens a vau da mesma ribeira. “Houve alturas em que tentámos passar e era impossível”, contou-nos Rui Teixeira. “Mas neste sábado a passagem estava bem mais fácil do que desejávamos”.
Já durante a tarde, a longa subida até ao Moinho do Gaio resultou em três diferenciais partidos. Depois, na serra dos Cucos, nova subida trouxe algumas dificuldades. E mais transmissões partidas. Mas ninguém ficou para trás. E ao cair do dia, um a um, todos os Land Rover foram chegando a A-dos-Cunhados. Para um jantar que começou tão cedo, que nem dava para acreditar, se nos lembrarmos dos anos anteriores…
“Houve uma edição ainda mais fácil”, garante Frederico Gomes. “Mas fizemos tudo para encontrar um percurso equilibrado, que fosse transitável com lama; sem ela, tornou-se bem mais suave”. No próximo ano, quem sabe se este Dia da Lama não será o mais duro de sempre?
Texto: Alexandre Correia Fotos: CLRP e participantes
2 comentários
Faltou a dança da chuva, para ser como queriam.. Vale sempre, pelo espírito e o salutar convívio.
Claro que vale sempre a pena, quando a alma não é pequena. Já dizia o poeta… E neste caso, valeu mesmo a pena: mesmo sem lama, não deixou de ser um dia bem divertido!