Será que há algum dia especial para se passear em todo terreno? Há quem reserve os sábados e até domingos para isso. Mas acreditamos que todos os dias são bons para passear fora da estrada. E não somos só nós. As duas dúzias de participantes no Passeio Portugal Norte Sul, do Clube Land Rover de Portugal, subscrevem esta ideia. Começámos hoje, mas sosseguem, que continuamos amanhã. E depois, também…
Passear à quinta-feira não é só descansar. Para não mudar muito a rotina, madrugámos. Nós e os outros todos. E pelas sete horas da madrugada, ainda as nuvens cobriam a serra do Marão e o Douro estava submerso em nevoeiro, já os Land Rover da caravana do ‘Portugal Norte Sul’ rolavam na N2. Íamos de Vila Pouca de Aguiar, a caminho de Vila Real, para logo após esta cidade transmontana trocarmos o asfalto pelos caminhos de terra.
A visão das primeiras vinhas foi como que uma recompensa para o esforço de acordar antes dos galos começarem a cantar. As cores outonais marcaram a paisagem desta jornada, com os verdes bem carregados a intercalar folhas tingidas de vermelho, outras apenas amarelecidas; não do sol, que esse agora já aquece menos, mas pelo tempo. Não tarda irão cair, das árvores, das cepas.
Transição rápida de Trás-os-Montes à Beira Alta
A transição de Trás-os-Montes à Beira Alta foi muito rápida. Não nos levou mais do que um par de horas. À medida que descíamos a caminho de Peso da Régua, para atravessarmos o rio Douro, tínhamos a sensação de estarmos a despertar as aldeias, com a passagem dos Land Rover. Nem os cães vieram a ladrar atrás dos carros.
Uma vez na margem sul, tomámos rumo à serra das Meadas. O caminho começa muito, mas mesmo muito estreito. Nalguns pontos, um lado do veiculo encosta ao muro de pedra e o outro lado abre-se para o vazio. É impossível parar e sair do carro. Quase a chegar ao alto, somos surpreendidos por imensos postes de electricidade, daqueles em cimento, partidos ao meio. Uma brigada está a repará-los. E dizem-nos que foram partidos devido à neve do último Inverno: o peso de neve que congelou em cima dos postes e ao longo das linhas foi tal, que o cimento não aguentou e partiram-se.
Sentimos Castro Daire bem perto, mas a vila ficou escondida por trás do arvoredo e rapidamente descemos ao vale do rio Paiva, que nesta área ainda parece um ribeiro. Esta travessia marcou o início de mais uma fase de subidas intermináveis. A primeira culminou com a travessia da serra da Freita, abordada a partir do alto de São Macário. A panorâmica em redor é de cortar a respiração. E espreitar as aldeias perdidas no fundo dos vales pareceu um exercício a evitar por quem sofra de vertigens. Assustava mais olhar para as bermas dos caminhos e estradas que nos levaram até ao Caramulo e a sua serra; um ligeiro desvio e era uma demorada queda livre…
Piquenique nos ‘bons ares’ do Caramulo
O almoço, muito ligeiro, foi um simbólico piquenique, em que cada um se serviu de uma sanduíche e de uma peça de fruta. Acompanhado com uma garrafa de água. E rematado por café expresso, servido em plena rua pelo pessoal do Clube Land Rover de Portugal. A revista Todo Terreno, que volta a acompanhar a caravana, trouxe a sobremesa: um pastel de nata para cada.
A manhã, talvez por ter começado bem cedo, antes da alvorada, pareceu mais longa que o costume. Já a tarde, pelo contrário, passou a correr e ficámos com a sensação de nem termos dado pelo tempo. Os primeiros caminhos, a descer do Caramulo para os lados de Mortágua e da albufeira da barragem da Aguieira, foram lentos. Não que o traçado tivesse dificuldades de maior, mas porque ora eram grandes buracos, ou pedras salientes, ou valas a evitar.
Dificuldade foi desviar as árvores tombadas no caminho, durante parte do itinerário da tarde. As marcas da recente tempestade Alex estavam bem visíveis, com centenas e centenas de árvores caídas. Muitas cortavam a passagem. E todas puderam ser removidas. Porque nada deteve esta caravana, do Passeio Portugal Norte Sul. Sexta-feira, também será dia de passeio. Para nos levar até Évora. Temos a certeza que vai ser outro dia magnífico. Afinal de contas, todos os dias são bons para passear!
Texto e Fotos: Alexandre Correia/Todo Terreno
2 comentários
Totalmente de acordo, todos os dias são bons para passear e estar com a natureza, como é o caso, e num saudável convívio.
Continuação de bons caminhos, porque até nos maus, se encontram bons motivos.
Maria de Fátima, melhor do que imaginar, é mesmo viver um passeio destes. São quatro dias em que não pensamos em mais nada. E só temos o lado bom da vida…