Ao vencer a última prova da temporada, depois de uma renhida discussão com a equipa da Ford, a Toyota ganhou duelo pelo título sul-africano, cujo campeonato é uma referência. A Toyota Hilux de Henk Lategan e Brett Cummings bateu por quase cinco minutos a Ford Ranger de Lance Woolridge e Elvène Vonk, assegurando uma vitória que foi determinante para conseguirem sagrar-se pela terceira vez consecutiva campeões da South African Cross-Country Series! A baja ‘Parys 400’ contou ainda com a presença, extra-competição, das novas Toyota Hilux DKR T1+, com Nasser Al-Attiyah e Giniel De Villiers a correrem em paralelo, para mais uma sessão de desenvolvimento desta nova pick-up…
Quando dizemos que o Campeonato de Portugal de Todo Terreno é o melhor do mundo, esquecemo-nos que a ‘South African Cross-Country Series’ (SACCS) é, provavelmente, ainda mais rica que o nosso CPTT. Aliás, não é por acaso que na África do Sul são construídos boa parte dos 4×4 que ao longo dos anos têm sido marcantes nas maiores competições, inclusive em Portugal. Exemplos disso eram as Nissan Navara V6, que há 15 anos andavam na frente, tal como hoje o são as Toyota Hilux Overdrive – que, na verdade, são construídas na África do Sul e não pelo preparador belga Overdrive – e Ford Ranger NWM, de que há diversas unidades em Portugal.
Nos últimos anos, a Toyota e a Ford têm dominado o campeonato sul-africano e esta temporada, cuja sétima e última prova – a ‘Parys 400 – acabou de disputar-se, não foi excepção: as duas marcas e os seus pilotos andaram sempre na frente e, naturalmente, em luta pelas vitórias e pelo título principal. Henk Lategan e Lance Woolridge contavam à partida desta prova final com o mesmo número de vitórias: duas. Mas enquanto Lategan dominou por completo ao longo dos 365 quilómetros da ‘Parys 400’, Lance Woolridge não conseguiu senão perseguir o seu mais forte adversário; problemas com os amortecedores da Ford Ranger V6 impediram Woolridge de acompanhar o andamento de Lategan, que apesar de um furo nos últimos 10 quilómetros, conquistou a terceira vitória da temporada por quase cinco minutos de vantagem…
Al-Attiyah e De Villiers correram com as novas Hilux DKR T1+
A discussão pelo título da ‘South African Cross-Country Series’ foi o ponto alto da ‘Parys 400’, mas para o imenso público que acompanhou a prova, houve um motivo extra de interesse: a participação de duas das novas Toyota Hilux DRK T1+, confiadas a Nasser Al-Attiyah e a Giniel De Villiers que, ao contrário do piloto do Qatar, já tinha experimentado a ‘T1+’ em condições reais de competição, pois disputou a prova anterior da SACCS.
Assim, a Toyota Gazoo Racing reuniu na ‘Parys 400’ as quatro equipas que irão representar oficialmente a marca no próximo Rali Dakar: Henk Lategan e Shameer Variawa conduziram ainda as também novas Hilux V6 T1 – que receberam o novo motor 3.5 V6 a gasolina do Toyota Land Cruiser 300, por troca com o antigo V8 de 5,0 litros do Land Cruiser 200. Já Al-Attiyah e De Villiers, participaram extra-competição com as T1+ que foram construídas para o ‘Dakar’ e não se sairam propriamente mal na comparação, embora Lategan tenha sido mais rápido que todos os seus companheiros de equipa.
A Toyota ganhou o duelo com a Ford, e mesmo a luta entre os seus pilotos ficou assinalada pelo domínio de Henk Lategan. Mas o jovem piloto sul-africano não foi, na realidade, sempre o melhor. A única excepção foi no prólogo, onde a Hilux DKR T1+ de Nasser Al-Attiyah estabeleceu o melhor tempo. No troço inicial, com 15 quilómetros, as novas pick-up’s da Toyota para o ‘Dakar’ posicionaram-se no ‘pódio’, mas entre a de Al-Attiyah e a De Villiers ainda se colocou a Hilux V6 de Lategan, cabendo o quarto melhor tempo à Ford Ranger V6 de Lance Woolridge.
E na verdade, do princípio ao fim, a Toyota ganhou o duelo com a sua maior adversária, mas das quatro Hilux oficiais, apenas três concluíram a prova. Depois de ‘entrar’ literalmente por uma vedação de arame que delimitava o caminho, a Hilux DKR T1+ de Nasser Al-Attiyah ficou com arame farpado enrolado no eixo dianteiro e a equipa decidiu que era preferível deter a marcha e renunciar ao resto do percurso, para evitar que isso provocasse maiores danos.
Tudo porque depois desta prova final da SACCS, a Toyota Gazoo Racing ainda vai desenrolar, nos próximos dias, um teste final com as quatro Hilux DRK T1+ antes de seguiram para a Arábia Saudita. O cenário para o último ensaio de desenvolvimento será o deserto do Kalahari, no Botswana. E Glyn Hall, o director da equipa, confia que entretanto possam ser corrigidos todos os detalhes que estas experiências demonstraram ainda não estar suficientemente apurados, para assegurar o nível de competitividade das novas Hilux, de forma a que possam confirmar o favoritismo para o ‘Dakar’, onde a equipa conta colocar três dos quatro carros nos 10 primeiros classificados. E, claro, vencer de novo em termos absolutos!
Texto: Alexandre Correia Fotos: D.R.