É Outono até ao cair da última folha, ou ao virar da última página desta edição da revista Todo Terreno. E são muitas, como sempre: são 132 páginas, plenas de histórias que chegam mesmo a tempo da melhor leitura para os dias de recolhimento, nesta época natalícia. Para tema de capa, escolhemos o novo INEOS Grenadier 4×4, que fomos experimentar numa ‘finca’ espanhola, em terras de Castilla-La Mancha. A revista Todo Terreno foi, aliás, a única publicação portuguesa envolvida no ‘road-show’ que esta nova marca britânica realizou para dar a conhecer a sua gama quer à imprensa, quer também a um leque de potenciais clientes. Regressámos entusiasmados, depois de uma jornada a percorrer pistas de terra, selecionadas pelo seu grau de dureza, para que não restassem dúvidas quanto às capacidades do Grenadier 4×4 em matéria de todo terreno. E, conforme diz o título das oito páginas em que contamos as nossas impressões desta exclusiva experiência, o INEOS Grenadier 4×4 é um veículo praticamente sem rivais!
Figuras únicas são também alguns dos protagonistas desta edição, como Carlos Silva, ‘Manecas’ Pereira da Silva, Pedro Barradas, Gunther Holtorf e Virgil Abloh. Este último notabilizou-se com designer de moda e ganhou fama ao tornar-se no estilista da linha masculina da marca de luxo Louis Vuitton, mas também desenhou dois automóveis, absolutamente únicos, não só pela originalidade do seu traço, como porque apenas foi construído um exemplar de cada: um Mercedes-Benz Classe G inspirado nos carros de corrida da série NASCAR, e um coupé de todo terreno criado para a Mercedes-Maybach, que não chegou sequer a ser apresentado pelo seu criador, pois Abloh morreu dois dias antes, deixando-nos a sua obra, como memória, que aqui recordamos. E falando em memórias, esse é o maior legado que Gunther Holtorf nos deixou ao partir, também recentemente, para a ‘última viagem’, depois de uma vida incrível, parte dela a percorrer quase todo o mundo ao volante do mesmo veículo, um Mercedes-Benz Classe G azul bebé, que após 26 anos na estrada – e também muitas vezes fora dela – estacionou em Estugarda, onde ocupa lugar de destaque no Museu Mercedes-Benz. Antigo C.E.O. de uma companhia de aviação alemã, Holtorf era de uma incrível simplicidade e aos 50 anos, quando foi despedido da Hapag-Loyd, viu nisso a oportunidade porque sonhava para partir à descoberta do mundo e que o trouxe, por algumas vezes, ao nosso encontro. Não podíamos deixar de lhe prestar uma última homenagem…
Vivo e bem vivo, a cuidar da saúde dos outros, está Pedro Barradas, o verdadeiro ‘Dr. Todo Terreno’, ou este médico ortopedista e cirurgião ortopedista não seja um reconhecido especialista na segurança médica de eventos desportivos, nomeadamente provas como a Baja Portalegre 500, o Rali de Portugal e as 24 Horas T.T. Vila de Fronteira. Ao longo de décadas, tratou as lesões de inúmeros pilotos, ou ele mesmo não tivesse começado por aí, a correr de moto, obviamente em todo terreno. Depois, ainda foi navegador, com grande sucesso, conquistando dois títulos nacionais ao lado de Luís Dias, até que um susto, daqueles mesmo grandes, o fez renunciar às corridas. Perdeu-se um navegador, mas ganhou-se um grande médico para o todo terreno, que graças a toda a experiência acumulada também com as suas participações, sabe como poucos o que é necessário para garantir a assistência destas provas. O seu testemunho, nesta edição, dá a conhecer o quanto é importante o trabalho que desenvolve. Nesta edição, temos ainda o testemunho de ‘Manecas’ Pereira da Silva que, tal como Pedro Barradas, é um veterano dos primórdios desta actividade em Portugal e tem dedicado boa parte da sua vida a fazer o que poucos fazem: a entusiasmar novos praticantes, ensinando-lhes os segredos para nunca deixem de querer repetir as suas aventuras. O ‘Professor Manecas’, que durante largos anos também competiu em todo terreno, abriu a ECTT – Especialização Condução Todo Terreno – há mais de três décadas e já perdeu a conta aos alunos a quem deu formação. O jornalista Jorge Alves Barata foi ter com ele a Belas, Sintra, para uma aula inédita, em que levou aos limites um SUV eléctrico de tracção dianteira – um Peugeot 2008e – e demonstrou que com um bom trabalho de equipa, não há limites! E o que podemos dizer de Carlos Silva? Como ele mesmo nos conta na crónica em que explica a sua ‘Paixão pelo T.T.’, tem um percurso que se cruzou imenso com o de Pedro Barradas e ‘Manecas’ Pereira da Silva, com a diferença que é ainda navegador em provas de todo terreno. Aliás, foi este ano o primeiro navegador a conquistar o título de Campeão de Portugal de T.T. na categoria de…veteranos!
Esta revista não fala só do passado. Também dedicamos imensas páginas a falar do futuro, como o projecto Nissan Ambition 2030, que levará a marca japonesa a lançar 23 novos modelos nos próximos oito anos, 15 dos quais totalmente eléctricos, ou ainda o Mercedes-Benz EQG Concept, que antecipa a versão eléctrica, mais que provável, do icónico Classe G. Igualmente icónico é o Moke, que nasceu em 1964 e que irá renascer em meados de 2022, regressando à ‘casa de partida, em Inglaterra. O eterno Mini Moke, versão todo terreno do Mini britânico, há muito que perdeu o ‘nome de família’, pois a BMW ficou detentora da marca Mini. Como os direitos de produção do Moke já tinham sido vendidos pela marca britânica, a BMW não pôde usar este nome para designar os seus SUV. Em 2018 a Moke International relançou o modelo, montando em França uma versão a gasolina e nos Estados Unidos da América uma variante eléctrica de ‘velocidade reduzida’, para ser conduzida na via pública sem carta de condução. Agora, apostou num modelo eléctrico pensado para uma utilização normal, na Europa. Será um brinquedo caro, mas bem engraçado: sem impostos, prevê-se que cada unidade do eMoke ronde os 30 mil euros e pelo preço de cinco – um de cada uma das cores disponíveis – conseguimos comprar a versão mais acessível do novo Range Rover. Custa 166 mil euros com chassis curto, equipamento SE e motor turbodiesel de 350 cv, e assegura-nos uma autonomia incomparavelmente mais longa, já que é capaz de percorrer mais de um milhar de quilómetros com um depósito completo, contra os 144 quilómetros que podem ser cumpridos com uma carga das baterias do eMoke.
O Moke eléctrico fabricado para a Europa consegue atingir os 100 km/h e mesmo assim já pode sujeitar os condutores a ser ‘apanhados’ em inúmeras situações de excesso de velocidade. Por isso mesmo, o jornalista Bernardo Gonzalez voou até à Suécia, para experimentar sem complexos de culpa o mais radical de todos os Porsche Cayenne apresentados em duas décadas. Foi guiar o Cayenne Turbo GT na incrível pista do Circuito de Gotlandring, mas nem assim conseguiu atingir os 300 km/h de velocidade máxima que este modelo pode estabelecer. Conseguiu, sim, foi comprovar que este enorme Porsche é capaz de arrancar e alcançar os 100 km/h em menos tempo do que consegue ler isto: 3,3 segundos! E se este Cayenne Turbo GT é excepcional, Bernardo Gonzalez conta-nos o projecto de um modelo que é verdadeiramente ‘fora de série’: o Morgan Plus Four CX-T, série de apenas oito unidades de uma versão muito especial deste ‘roadster’ britânico, construída para ser utilizada fora da estrada. Quase o contrário fez a Lisbon Sports&Classic Cars, que está a construir diversas unidades de uma versão renovada do Range Rover da primeira série, com motor V8 a gasolina, modernizando-o sem o descaracterizar, mas incrementando a aptidão estradista.
Experimentámos o protótipo deste Range Rover S1 V8 renovado pela ‘LSCC’ e sentimo-nos a recuar no tempo, uns bons 30 anos, quando ainda podíamos comprar um destes carros novos. Porque afinal de contas, esta unidade estava tão nova quanto nos seria entregue à saída da fábrica. Acabado de sair da fábrica, de tal modo que mais novo não podemos encontrar, é o Suzuki S-Cross, cuja terceira geração foi o último lançamento de 2021. A nova Ford Ranger foi apresentada antes do modelo japonês, mas a produção apenas arranca no início do próximo Verão e as primeiras unidades para o mercado europeu só estão previstas chegar no começo de…2023.
Voltemos ao passado, ainda folheando algumas das últimas páginas desta edição da revista Todo Terreno: fomos a Óbidos ao encontro de Carlos Ribeiro, amigo de longa data que hoje tem uma colecção bem interessante de veículos de todo terreno clássicos. E conduzimos a sua peça mais preciosa. É um Austin Gipsy, que ele mesmo viu chegar a Óbidos, acabado de sair do stand, em 1968, quando tinha apenas seis anos. Comprou-o em 2012 numa sucata, como se fosse um presente a si próprio, para celebrar os seus 50 anos. E restaurou-o com precisão, repondo-o no estado em que o viu a primeira vez. Dos 21.208 Austin Gipsy fabricados, a maioria terminaram como ia acontecendo com este, na sucata. E de acordo com os registos do clube britânico consagrado a este modelo, hoje restam muito poucos e no estado irrepreensível deste, que pertenceu aos Bombeiros Voluntários de Óbidos, há pouquíssimos!
Estamos quase a terminar esta edição de Outono. Para o fim, mas não por último, deixamos sempre o nosso roteiro, com as indicações para um passeio em todo terreno, através de um road-book inédito, desenhado expressamente por nós. Excepcionalmente, nesta revista temos duas propostas, que convidam os leitores a ir passear, mas de formas bem distintas.
Para quem aprecia os traçados suaves, temos mais uma Rota T.T. Lexus UX 300e, agora por terras alentejanas. O percurso de 127 quilómetros – pouco mais de um terço da autonomia do Lexus UX 300e, o primeiro modelo totalmente eléctrico da marca – descreve uma ronda com centro em Évora e o nosso road-book dá a conhecer dois dos troços da mais extensa das cinco rotas portuguesas do ‘Caminho de Santiago’. Não calhou cruzarmo-nos com peregrinos nestes caminhos, mas podemos garantir que quem aceitar o convite para este passeio irá ver um Alentejo lindíssimo, mas em acelerada transformação. É partir antes que seja tarde…
A pensar naqueles para quem um passeio em todo terreno tem de meter algumas dificuldades pelo meio, acedemos ao desafio que a ViverServer nos lançou. Esta associação, criada para dinamizar o turismo em Sever do Vouga, mobilizou diversos dos seus parceiros – entre eles a LandServer, que se encarregou do percurso – para nos levar à descoberta das sete freguesias deste concelho por um itinerário maioritariamente por fora da estrada. Atravessámos ribeiras a vau, subimos alguns corta-fogos de ‘redutoras’ engrenadas e enfrentámos até uma descida tão pedregosa que nos fez sentir numa pista de trial. Mas a verdade é que Renato Amaral, o nosso anfitrião, nos encantou com o percurso e o roteiro completo à volta, onde a boa mesa e a boa cama também marcaram. No final, o ‘track’ do percurso ficou gravado e quem quiser ir passear por Sever do Vouga só tem de ir ao facebook da ViverSever descarregar o ficheiro. Acreditamos que a reportagem que publicamos é suficiente para motivar os aventureiros!
Novo preço de capa a partir desta edição
Agora que passámos ‘em revista’ as 132 páginas desta edição, temos ainda uma novidade para partilhar: o acentuado aumento de custos de produção que registámos nos últimos meses obrigam-nos a rever o preço de capa da Todo Terreno, num ajustamento em que procurámos minimizar o impacto junto dos leitores, mas também salvaguardar a continuidade deste projecto. Assim, esta edição chega já ao mercado com um preço unitário de 12,50 euros, valor que continua a compreender a entrega personalizada, em mão, por mensageiro.
Para que possa receber quanto antes o seu exemplar, deverá ordenar uma transferência no valor de 12,50 euros para a conta da Evasão Edições e Publicações, com o NIB 0033.0000.0001.4834.3546.1; com o envio do comprovativo de pagamento, receberá a sua revista na morada (indique também telefone de contacto para o mensageiro ligar) que nos indicar.