O Campeonato do Mundo de Rali-Raids foi pela primeira vez até à América do Norte, para cumprir a terceira das cinco provas do calendário. O Rali Sonora, no México, por um cenário rodeado de cactos, foi uma corrida cheia de espinhos para os portugueses João Ferreira e Filipe Palmeiro, que depois um início bastante promissor, acabaram por não conseguir melhor que a sétima posição no grupo T3. A vitória final foi para a dupla Nasser Al-Attiyah/Michael Baumel, que colocaram a sua Toyota Hilux DKR quase seis minutos e meio à frente da de Yazeed Al-Rajhi e Timo Gottschalk…
Ao marcar mais 51 pontos de uma assentada, Nasser Al-Attiyah deu um passo de gigante para chegar finalmente ao comando do “Mundial” nesta época e tornar-se no mais forte candidato ao título. É certo que ainda restam mais duas provas, na Argentina e em Marrocos, mas com apenas um par vitórias absolutas, no Rali Dakar e agora no Rali Sonora, Al-Attiyah já leva 30 pontos de avanço sobre o adversário mais próximo: Yazeed Al-Rajhi que, por sua vez, conta com cinco pontos de vantagem relativamente ao terceiro classificado do campeonato, o francês Sébastien Loeb.
E enquanto o saudita Al-Rajhi se evidenciou por ter sido o primeiro comandante, ao vencer o prólogo por um segundo de vantagem sobre Al-Attiyah, somando depois ainda a vitória na terceira e última das cinco etapas, já Loeb destacou-se por ter deitado tudo a perder ao despistar-se no início da terceira etapa, quando estava à frente da prova. Para o francês, esta foi mais uma corrida cheia de espinhos, como que a condizer com o cenário das pistas mexicanas, enquadradas por vistosos cactos cheios de espinhos!
Sem ter de arriscar muito, bastou a Nasser Al-Attiyah ter sido o mais rápido na primeira e quarta etapas para conseguir vencer por quase seis minutos e meio de vantagem. Atrás da Toyota Hilux DKR do piloto do Qatar colocou-se outra destas pick-up’s japonesas, construídas à mão na África do Sul: a de Yazeed Al-Rajhi, que apesar de batido por Nasser Al-Attiyah, não pode dizer que teve uma corrida cheia de espinhos, pois recolheu bastantes pontos, que o deixam na luta pelo campeonato! Em terceiro, a cerca de oito minutos de Al-Rajhi, colocou-se o Mini John Cooper Works Rally Plus do argentino Sebastian Halpern, recompensando pelo lugar mais baixo do pódio depois de uma corrida bastante discreta…
Ferreira e Palmeiro mantêm sexto lugar FIA
No grupo T3, João Ferreira e Filipe Palmeiro, embora sétimos, somaram de novo os pontos do sexto lugar, para a classificação da FIA. E se é certo que têm apenas menos quatro pontos que os adversários mais próximos, Cristina Gutierrez e Francisco Lopez, que estão empatados no quarto lugar com 78 pontos, a verdade é que o norte-americano Mitch Guthrie, que subiu ao terceiro lugar do campeonato graças à vitória no Rali Sonora, conta agora com 126. E para os nossos compatriotas, esses 52 pontos de diferença são uma imensidão que talvez já não será fácil anular nas duas provas que restam?
Os três primeiros lugares do campeonato estão entregues aos norte-americanos Austin Jones, Seth Quintero e Mitch Guthrie e tudo indica que o título seja disputado apenas entre este trio, que até agora repartiram as vitórias nas três provas já cumpridas. Com uma vitória, um segundo e um terceiro lugares, conseguidos por esta ordem, Austin Jones é agora o líder do “Mundial”, com 146 pontos, mais um que Quintero, e mais 20 pontos que Mitch Guthrie. Claro que os pontos ainda em jogo nas duas provas provas ainda oferecem todas as possibilidades à espanhola Cristina Gutierrez, ao chileno Francisco Lopez e aos nossos compatriotas João Ferreira e Filipe Palmeiro. Mas não só precisarão de vencer daqui até ao final, como contar que os seus adversários mais directos não pontuem. Ou seja, há que acreditar em milagres…
Segundos mais rápidos do grupo T3 no prólogo, logo atrás do Ca-Am de Mitch Guthrie, por escassos 4,5 segundos de diferença, João Ferreira e Filipe Palmeiro iniciaram a corrida de forma brilhante, reforçando a segunda posição ao terminarem a etapa de abertura logo atrás de Mattias Ekstrom, que entretanto ascendera à liderança.
À partida para a segunda etapa, os portugueses contavam apenas com um minuto de atraso face ao sueco que comandava, mas para eles esta foi uma jornada cheia de espinhos: chegaram à cidade de Peñasco, já na décima posição do grupo T3. “Um problema eléctrico com o Yamaha deixou-nos parados ainda no começo do sector selectivo e perdemos imenso tempo até conseguirmos resolvê-lo e prosseguir”, explicou à revista Todo Terreno o próprio piloto. Já na parte final, “foi a bomba de água que deixou de funcionar e só chegámos ao fim porque nos rebocaram”, prosseguiu João Ferreira.
De novo segundos mais rápidos do grupo T3 na terceira etapa, João Ferreira e Filipe Palmeiro apenas recuperaram do décimo para o oitavo lugar e na quarta etapa também viveram uma jornada cheia de espinhos e não conseguiram melhor que o sétimo posto e, ainda assim, subiram para esta posição na classificação do grupo. Já na última etapa, disputada esta sexta-feira entre Peñasco e San Luís, junto à fronteira do México com os Estados Unidos da América, João Ferreira e Filipe Palmeiro voltaram a melhorar, mas o quarto posto na etapa não lhes permitiu subir na classificação, confirmando o sétimo posto do grupo, ainda que marcando os pontos do sexto lugar, pois um dos anteriores não estava inscritos no campeonato!
Texto: Alexandre Correia Fotos: A.S.O./D.P.P.I/J.Delfosse