Quarta prova da Taça do Mundo FIA de Bajas, este ano a Baja Aragón foi uma “Mini maratona”! E não só porque os Mini da equipa X-Raid conquistaram os três primeiros lugares finais. Foi uma “Mini maratona” também porque nunca o percurso da prova espanhola tinha sido tão reduzido: ultrapassou por pouco os 500 quilómetros cronometrados e a corrida concentrou-se em apenas dois dias. Como é costume, os portugueses não faltaram e dos 15 automóveis à partida, uma dezena terminou. Destaque para o sexto posto de João Ramos e Victor Jesus; a Toyota Hilux dos campeões nacionais esteve sempre à frente do contingente português! Em termos absolutos, assistiui-se a um domínio absoluto dos Mini de Orlando Terranova, “Nani” Roma e Jakub Przygonski...
Foi por apenas dois quilómetros que o percurso da Baja Espanha Aragón Teruel 2019 ultrapassou o meio milhar de quilómetros cronometrados. Em 36 anos, nunca a prova espanhola tinha sido tão curta. Mas a pioneira das bajas europeias teve de adaptar-se aos novos tempos; entenda-se, às dificuldades por que passam todas as organizações. E ainda às novas regras da FIA, que definem um ou dois dias de prova para as bajas da Taça do Mundo. O terceiro dia de corrida só é considerado no caso de se disputar uma “super-especial”. Além de que no total, o percurso deve situar-se entre os 400 e os 600 quilómetros.
Percurso compacto, mas cumprido ao sprint
Os organizadores espanhóis aproveitaram para reduzir o percurso e encurtar a duração da prova, que se concentrou em três jornadas. Na primeira decorreram as operações de verificações e até o prólogo teve de ser dispensado. A segunda e terceira jornadas foram reservadas para duas rondas iguais por um sector selectivo de 165 km e outro de 86 km. Entre 222 equipas, a comitiva portuguesa marcou presença com uma quinzena de carros. Cinco ficaram pelo caminho, mas os que terminaram não deram por mal empregue a deslocação a Teruel!
E se as dificuldades de orçamento pesam a todos, a organização da baja encontrou ainda mais uma solução importante para aliviar custos: reduziu ao mínimo o policiamento da prova! Praticamente só nos pontos em que o percurso cruzava uma estrada de asfalto havia vigilância policial. Nos restantes acessos, o percurso estava vedado por fitas de plástico!
O mais curioso é que, pelo que tivemos oportunidade de ver, isso foi o suficiente para que o público respeitasse. E como os encargos com policiamento representam uma das contas mais pesadas dos organizadores, esta solução é um autêntico “milagre”! Quem será o primeiro organizador em Portugal a conseguir fazer isto?
Com um percurso bastante compacto, a organização conseguiu, realmente, uma substancial poupança. Mas também os participantes à Baja España Aragón beneficiaram disso. E a verdade é que, pela parte dos pilotos, não ouvimos nenhuma crítica à menor dimensão do percurso.
Novo figurino agradou a quase todos
Bem pelo contrário. Lino Carapeta, que foi o melhor piloto amador, ao terminar a prova no oitavo posto absoluto, contou-nos que “menos um dia de prova significa menos despesa! além de que sempre é mais fácil fugir à rotina da vida profissional”.
Por seu turno, Carlos Silva, o “eterno” navegador de Rui Sousa e director da Prolama, transmitiu-nos a satisfação com o novo modelo da corrida. “Por exemplo, a solução copiada dos ralis do WRC, para a assistência após a primeira etapa, é excelente!”
Convém explicar que os pilotos dispunham de uma hora regulamentar para assistir os seus veículos no parque após o final da etapa. Contudo, ao invés de o fazerem mal chegassem a Teruel, podiam deixar o carro no parque fechado até uma hora estabelecida com a organização. “E assim, não só deu para ir planificando a intervenção necessária, sem improviso, como pudemos assistir os nossos carros sem estarem a ferver, facilitando o trabalho dos mecânicos”.
Poucos abandonos entre os protagonistas
Limitada a 502 quilómetros cronometrados, a Baja Aragón foi uma “Mini Maratona”, mas decorrida em ritmo de sprint. Com reflexos positivos em termos de animação desportiva. E um desgaste mais reduzido, que se reflectiu em menos abandonos entre os pilotos mais rápidos!
Sem contarmos com os portugueses, houve apenas dois abandonos dignos de registo e ambos no segundo dia da prova. Benediktas Vanagas era o nono classificado quando a sua Toyota Hilux parou, no terceiro sector selectivo. E no troço final, a Toyota Hilux Overdrive de Bernhard Ten Brinke também desistiu. O piloto holandês era nessa altura o quarto classificado e ainda tinha ambições de alcançar o último lugar do pódio. Mas a transmissão da Hilux cedeu antes do controlo final, impedindo-o de terminar.
Entre os nossos pilotos, cinco não chegaram ao final, mas os abandonos mais relevantes ocorreram ainda não estava cumprido nem um quarto do primeiro sector. Primeiro foi a Toyota Hilux de Paulo Rui Ferreira e Jorge Monteiro que se despistou: numa curva rápida para a esquerda, a traseira escorregou demasiado e bateu, fazendo um ricochete que projectou a pick-up no ar. Após algumas voltas pelo ar, a pick-up da dupla de Leiria imobilizou-se na berma oposta e embora os danos não fossem dramáticos, não deu para continuarem…
Não muito longe do ponto onde desistiram Paulo Rui Ferreira e Jorge Monteiro, ficou o Mitsubishi Racing Lancer de Tiago Reis e Valter Cardoso. Uma simples porca num tirante da direcção cedeu e isso era o suficiente para não poderem prosseguir. Mas o Mitsubishi ainda sofreu um princípio de incêndio; o incidente não passou de um susto, mas a verdade é que a corrida terminou prematuramente para esta dupla.
Taça do Mundo FIA de Bajas ao rubro!
Com a Baja Espanha Aragón Teruel 2019, a Taça do Mundo FIA de Bajas chegou a meio da temporada. Estão cumpridas quatro das oito provas, de um calendário que em Agosto irá prosseguir na Hungria e na Polónia; segue-se, em Setembro, a Baja da Jordânia e, no final de Outubro, a Baja de Portalegre. Ainda é cedo para se fazerem as contas para o título, mas a discussão ficou definitivamente em aberto com a vitória de Orlando Terranova.
O piloto argentino da Mini, que venceu os três primeiros sectores selectivos da prova espanhola, que liderou de princípio ao fim, foi o primeiro a repetir uma vitória. Terranova já tinha ganho em Itália, na prova anterior. E em Aragón somou de novo os 30 pontos do primeiro lugar, ascendendo ao segundo posto da Taça do Mundo FIA de Bajas.
Terranova e Przygonski desafiam Vasilyev
Na liderança segue ainda o campeão em título, mas o russo Vladimir Vasilyev conheceu em Espanha o pior resultado do ano: não conseguir levar a sua Toyota Hilux senão ao quinto lugar, que rendeu apenas 10 pontos. E mesmo este resultado foi uma sorte, porque “herdou” um lugar graças ao abandono da Hilux de Ten Brinke. E, sobretudo, beneficiou do atraso, com dois furos no sector final, da Toyota de João Ramos e Victor Jesus…
Vencedor no Dubai, na segunda prova da época, Jakub Przygonski somou agora mais 16 pontos. O terceiro posto conquistado em Espanha permitiu ao polaco subir ao terceiro lugar da Taça do Mundo. Martin Prokop é quarto, com três resultados e 44 pontos; o piloto checo perdeu uma posição para Przygonski por dois pontos.
E no quinto posto segue o finlandês Tapio Lauronen: foi o vencedor da prova inaugural da Taça do Mundo, a Baja da Rússia; com um Mitsubishi Pajero que parece uma pick-up, Lauronen bateu Vasilyev por dois minutos. E esta foi a única participação de Vasilyev com o Mini que comprou à X-Raid; a partir do Dubai, tem corrido com a Toyota Hilux.
A regularidade absoluta de Ramos e Jesus
Para esta prova, João Ramos tinha por ambição conquistar o quinto posto final. Considerando a lista de inscritos, não se pode dizer que fosse um resultado modesto. Que os campeões nacionais falharam por muito pouco…
De princípio ao fim, a Toyota de João Ramos e Victor Jesus ocupou sempre o sexto lugar absoluto. Este dupla foi de uma regularidade absoluta, apenas igualada pelos vencedores, que também estiveram sempre à frente da prova.
Mas em termos de resultados, sector selectivo atrás de outro, a Hilux da Toyota Caetano Portugal nunca repetiu o posicionamento. Ramos e Jesus começaram por obter o sexto melhor tempo, depois de um primeiro sector onde as dificuldades foram o pó. Sobretudo o pó do carro que rolava à sua frente. Que Ramos acusou de nunca “ter facilitado a ultrapassagem, deliberadamente!”
Final sofrido para os campeões nacionais
No segundo sector, as coisas correram bem melhor e isso reflectiu-se na classificação: foram os quartos mais rápidos. A Toyota dos portugueses bateu mesmo dois dos Mini: os de “Nani” Roma e Jakub Przygonski. Mas nem por isso se adiantaram: terminaram o primeiro dia em sextos.
Já na segunda etapa, João Ramos e Victor Jesus alternaram entre o sétimo e o nono lugares. À partida para o sector final, os portugueses contavam com um minuto e 48 segundos de vantagem sobre a Hilux de Vasilyev.
Os dois furos que sofreram no final “ofereceram” ao russo a possibilidade de subir um lugar. E a desistência de Ten-Brinke ofereceu ainda mais um lugar a Vasilyev, neutralizando apenas o atraso de João Ramos e Victor Jesus. Como se estivessem “condenados” a ficar com o sexto lugar. Seja como for, não foi nada mau!
O brilharete de Lino Carapeta e Rui Pereira
Sem ambições de maior, além do prazer de competir, “ainda para mais numa prova que é sempre agradável, nem que seja, por ter traçados diferentes”, Lino Carapeta evidenciou-se. O piloto do Range Rover Evoque, construído e preparado com meios reduzidos, pela sua própria equipa, conseguiu uma proeza: foi o melhor amador, posicionando-se entre máquinas de topo desde o começo da prova.
Carapeta e Rui Pereira, o seu navegador, foram os décimos mais rápidos no sector selectivo de abertura. Mas subiram logo uma posição extra, para nonos; foi graças à penalização sofrida por Javier Pita, castigado com dois minutos. No segundo troço, porém, “já quase no final, não consegui evitar pisar uma pedra e furei”, explicou-nos Lino Carapeta. “Vínhamos a andar muito bem e era certo que subiríamos na classificação”, assegura o piloto, que prosseguiu: “O tempo que perdemos fez-nos assinar apenas o 27º lugar do sector, descendo para o 16º lugar”.
Considerando que a Baja Aragón foi uma “Mini-maratona”, no último dia não lhes faltavam oportunidades para recuperar. E com a atitude e andamento certos, melhoraram logo três lugares; a que acrescentaram mais cinco posições no troço final. O esforço foi recompensador, concluindo a prova num belo oitavo posto absoluto. Conseguiram um minuto e meio de vantagem sobre a Volkswagen do argentino Fernando Alvarez, que foi nono.
Estreia tranquila de Recuenco com o Mini
Para subirem ainda mais, teriam de recuperar quase um quarto de hora, tal era a diferença para o Mini do espanhol Luís Recuenco, o sétimo.
Na estreia ao volante do Mini comprado à X-Raid, por intermédio da MRacing, conforme a Todo Terreno noticiou, Recuenco fez uma prova regular. Sem praticamente experiência deste carro, que ganhou o “Dakar” de 2015, o piloto de Cuenca procurou não exceder-se. Começou em oitavo e só não acabou neste lugar porque também ele subiu com o abandono de Ten-Brinke.
A celebração de Rui Sousa e Carlos Silva
Um quarto de século a correr sempre juntos não é hoje uma situação frequente na relação entre pilotos e navegadores. Mas é este o caso de Rui Sousa e Carlos Silva. Começaram a participar em provas de todo terreno juntos, em 1994, com um UMM. E nunca mais deixaram de fazer equipa juntos. Como este ano Rui Sousa decidiu fazer uma paragem, enquanto piloto, Carlos Silva tratou de abrir uma excepção. Para que pudessem celebrar estes 25 anos de corridas, precisamente a fazer isso mesmo: a competir ao lado um do outro!
E para esta celebração, os homens do Team Prolama escolheram a Baja Espanha Aragón. “Sempre foi uma prova emblemática para nós”, justificou Carlos Silva. E se nos últimos anos Rui Sousa nos habituou a vê-lo ao volante das Isuzu, em Teruel surgiu num Mini. Não um carro do X-Raid Team, mas sim o Mini Paceman construído nos arredores de Leiria pela Cattiva. “É um carro cheio de potencial, que apenas precisa de ser testado e afinado”, comentou o piloto à Todo Terreno.
Rui Sousa começou a prova com todas as cautelas. Talvez até demasiadas. No primeiro troço foi o 30º mais rápido, mas no segundo já foi o 15º. Todavia, esta recuperação não permitiu ir mais acima dos 22º posto da classificação. “O comportamento da frente é muito estranho”, queixou-se Rui Sousa, que adiantou: “Vamos experimentar novas afinações para o segundo dia e logo verei se melhora…”
Festa terminou com terceiro lugar “nacional”
Sem dúvida que melhorou um pouco, porque na manhã do segundo dia Rui Sousa e Carlos Silva recuperaram mais cinco lugares. No terceiro troço, o Mini Paceman Cattiva foi o 13º mais rápido. E se este ficou como o melhor resultado, o certo é que no troço final, subiram mais três posições; mesmo não indo além de 18ºs no derradeiro sector, conseguiram concluir a prova no 14º lugar.
A título de curiosidade, adiantamos que no 11º lugar absoluto ficou colocada a “velha” Isuzu D-Max T3 construída pela Prolama. Este carro é agora conduzido pelo luxemburguês Hugo Arellano, que ficou a apenas 10 segundos do último lugar do “top-ten”!…
Edgar Condenso e Nuno Silva foram quartos…
Falando apenas do resultado dos portugueses, Edgar Condenso e Nuno Silva foram a Teruel conquistar um quarto posto, tão discreto quanto digno. A dupla do Opel Mokka do Team Consilcar sentiu-se, aliás, satisfeita com este resultado: “Embora não estivesse nas melhores condições físicas, não quis deixar de vir e o esforço valeu a pena”, contou Nuno Silva. O navegador de Edgar Condenso teve mesmo de correr um pouco, mas a pé, atrás do Opel Mokka. Aconteceu no último troço, quando o motor se desligou e não tinham bateria para o pôr de novo em funcionamento. “A solução foi pedirmos a outro concorrente para nos dar um puxão. Quem nos ajudou não percebeu que o carro pegou à primeira, mas arrastou-o um pouco mais. E eu tive de ir a correr atrás”.
Mesmo assim, Edgar Condenso e Nuno Silva, que também tiveram de parar duas vezes para trocar pneus furados, mantiveram o 22º posto absoluto. “Considerando que se trata de uma prova da Taça do Mundo FIA de Bajas, com um plantel muito rico, ficámos satisfeitos com o resultado”, afirmou ainda Nuno Silva.
Alexandre e Rui Franco mereciam melhor
Quem merecia melhor do que o resultado final que conseguiram, foram os os irmãos Franco. Alexandre e Rui concluíram a prova no 28º lugar, depois de no segundo dia terem perdido o dobro das posições. Foram 14ºs na primeira etapa, mas o BMW Evo X1 partiu a transmissão no início do segundo dia. E isso não lhes permitiu manter o ritmo, bem pelo contrário. Atrasaram-se imenso e no terceiro sector selectivo, onde foram 51ºs, trocaram o 14º pelo 37º lugar absoluto.
No derradeiro troço cronometrado, onde foram os 23ºs mais rápidos, Alexandre e Rui Franco conseguiram recuperar: melhoraram nove lugares, mas nem assim conseguiram melhor que o 28º posto, que não reflecte o andamento do BMW. Aliás, reflecte ainda o tempo perdido no último troço a ajudar a dupla João Ferreira/David Monteiro, que tinham capotado. Sem esta ajuda, os jovens de Leiria não teriam conseguido recolocar o Toyota Land Cruiser sobre rodas! E o cronómetro não parou de contar…
A estreia de João Ferreira e David Monteiro
Enquanto Paulo Rui Ferreira e Jorge Monteiro desistiram logo nos primeiros quilómetros, conforme já contámos, os filhos de ambos foram longe: venceram o grupo T2! Por coincidência, também capotaram, já a caminho do final, mas foi um mero incidente de percurso, que não os impediu de terminar; muito menos de lhes retirar a vitória entre os veículos de Produção Melhorada.
No primeiro ano de participações e apenas com três provas cumpridas, os dois jovens de Leiria chegaram a Teruel sem grandes expectativas. Era a primeira internacionalização e desde logo numa prova ao mais alto nível. Mas, logo no primeiro sector selectivo, João Ferreira e David Monteiro colocaram-se à frente do grupo T2. No segundo troço, perderam-se no percurso e com isso perderam igualmente a liderança, por apenas 15 segundos. O Toyota Land Cruiser desta dupla foi ultrapassado pelo Nissan Pathfinder de outros portugueses: Nuno Corvo e José Martins.
Nuno Corvo e José Martins: os perseguidores
Com a segunda etapa, logo no arranque, as posições voltaram ao ponto de partida, com João Ferreira a regressar ao primeiro lugar do grupo T2. E Nuno Corvo a reocupar o segundo posto. Curiosamente, se estes dois pilotos travaram um duelo pela vitória em T2, a terceira posição não mereceu discussão. Mas foi também dominada por portugueses: por Fernando Barreiros e Nuno Barreiros, num Isuzu D-Max!
Ao iniciarem o sector final, Monteiro era o 34º classificado em termos absolutos, seguido por Corvo, no 35º posto, e por Barreiros, no 43º lugar. Nos 165 quilómetros finais, a Isuzu D-Max dos Barreiros adiantou-se e esta equipa melhorou quatro lugares, para o 39º posto final. Pelo contrário, o Toyota de Monteiro e o Nissan de Corvo, perderam ambos duas posições em termos gerais. Mas nem a progressão de Fernando Barreiros lhe alterou o resultado, mantendo o terceiro lugar em T2, nem os seus adversários saíram a perder. O triunfo de João Monteiro em T2 foi confirmado por uma vantagem de três minutos e 21 segundos!
A corrida de Alexandre Ré e Hugo Magalhães
Entre 45 equipas que figuraram na classificação final dos concorrentes à Taça do Mundo FIA de Bajas, contaram-se apenas nove de Portugal. E por pouco que a última não foi uma delas. Mas se dissermos apenas isso da corrida de Alexandre Ré e Hugo Magalhães, estaremos a ser injustos. Esta dupla, que lidera o Campeonato de Portugal de Todo Terreno AM|48, somente correu no segundo dia. Ou pior, correu no primeiro sector selectivo da etapa inicial, mas uma pancada afectou a suspensão da Volkswagen Amarok; que nem terminou o troço de abertura, nem alinhou no seguinte.
Com a Volkswagen devidamente recuperada, na segunda jornada tudo mudou de figura. E Alexandre Ré e Hugo Magalhães estabeleceram o nono melhor tempo no terceiro sector. Conseguindo ser ainda mais rápidos no último, onde foram sextos!
É evidente que o resultado nulo da primeira etapa castigou fortemente Ré e Magalhães. Ao averbarem por duas vezes a penalização máxima, foi por pouco que se livraram do último lugar. Foram penúltimos, mas animaram bastante a segunda etapa, onde reafirmaram que há sempre que contar com eles.
O que é pior: desistir à partida ou no fim?
A pergunta pode ser colocada a algumas das equipas portugueses que ficaram pelo caminho. Por exemplo, Miguel Casaca e Pedro Tavares, renunciaram ainda no começo do primeiro sector selectivo. Já na véspera, ao experimentarem o Mitsubishi Racing Lancer, tinha-se rompido um tubo, que imobilizou o carro. A assistência, da ARC, prontamente resolveu o problema, montando um tubo novo. Que também se rompeu ao fim de uma trintena de quilómetros…
Um terceiro tubo foi montando no parque de assistência, em Teruel, no final da etapa. E Miguel Casaca estava em condições de alinhar para o segundo dia de prova. Mas se o pensou, a verdade é que no último momento tomou outra decisão. E entre arriscar ficar de novo parado, decidiu ir fazer uma sessão de ensaios num troço de terra, ainda em terras de Aragón. Para, ao trabalhar de perto com os mecânicos da ARC, descobrir a origem do problema.
Bem mais ingrato foi o que sucedeu com César Sequeira e Filipa Cardoso. Esta equipa era a terceira melhor dos portugueses, no final do primeiro dia, com o seu Mini Cooper D Proto colocado em 15º. Na segunda etapa, volvidos os 86 quilómetros do terceiro sector, já eram os segundos nacionais. E se João Ramos era o melhor português, em sexto, eles ocupavam o 12º posto. Mas no troço final, não foram longe. O diferencial dianteiro do Mini não resistiu ao esforço e César Sequeira e Filipa Cardoso não puderam terminar…
A frustração de ficar pelo caminho…
Ao final não chegou também a única equipa feminina portuguesa: Margarida Sá e Maria João Duarte. Esta dupla participou na corrida reservada ao grupo T5, que somente compreendia uma passagem em cada sector; ou seja, somente disputavam metade da corrida. No primeiro dia, foram quintas, mas no segundo, o Suzuki Jimny não aguentou. Melhor sorte tiveram Mário Mendes e João Reis, que também correram pelo grupo T5. O Suzuki Vitara desta dupla conseguiu, aliás, o terceiro posto do grupo!
Texto: Alexandre Correia
Fotos: AIFA/Jorge Cunha