Foi apresentado faz hoje precisamente 40 anos: a 8 de Março de 1983, em Genebra. No dia em que abriram as portas do célebre Salão Automóvel de Genebra, os jornalistas descobriram no pequeno stand da Land Rover um modelo diferente. Era o ‘One-Ten’, que se distinguia desde logo pela frente sem ‘recortes’ e, sobretudo, pela suspensão com molas helicoidais! Volvidas três décadas e meia, o Land Rover finalmente mudou de imagem e não só…
Revolucionário, o Land Rover One-Ten foi o percursor do Defender, mas enquanto este surgiu no mercado em 1983, o outro somente chegaria em 1990. Hoje é comum designar por Defender todos os Land Rover com a grelha frontal à face, alinhada entre os faróis, solução que do ponto de vista estético marcou de forma bastante vincada a diferença entre este novo Land Rover e os famosos ‘Series’ que vinham sendo produzidos desde 1948 e que mantiveram durante 35 anos a grelha frontal recuada.
Curiosamente, este lançamento foi mesmo uma revolução, pois a primeira proposta para introduzir a suspensão de molas helicoidais, ainda que prevalecendo o princípio dos eixos rígidos, remontava a 1967, exactamente ao mesmo tempo que se começaram a desenvolver as soluções que foram materializadas no Range Rover. Todavia, o engenheiro chefe da marca não concordava com a troca da suspensão de molas semielípticas e isso, aliado à ‘eterna’ falta de dinheiro para investir em experiências que resultassem em mudanças, foi mais forte.
Em meados da década de 1970, um dos engenheiros mais carismáticos da marca, o lendário Roger Crathorne, tomou a iniciativa de transformar um Land Rover 109, montando-lhe molas helicoidais. Todavia, Crathorne, que ficou conhecido por ‘Mr. Land Rover’, nem assim conseguiu convencer o seu chefe. E foi preciso que houvesse uma renovação na chefia do departamento técnico para que se começasse a trabalhar numa evolução do Land Rover, que finalmente mudou em 1983.
Numa primeira fase chegou mesmo a pensar-se na solução mais simples, que seria simplesmente aproveitar o chassis completo do Range Rover, que já tinha nascido com molas helicoidais. Mas depois, concluiu-se que as 100 polegadas de comprimento do chassis do Range Rover eram demasiado curtas para a variante longa e demasiado longas para a variante curta do Land Rover. E havia mesmo quem receasse que esse chassis não fosse suficientemente robusto pois ao contrário do Range Rover, o Land Rover era claramente um veículo de trabalho, concebido para transportar carga e operar carregado em condições difíceis.
As perspectivas de um fornecimento para as forças armadas francesas animou a Land Rover a desenvolver alguns protótipos e a avançar com o projecto. Os franceses acabaram por recuar e perante a decepção, surgiu outra oportunidade para o exército da Suíça. Mas, neste caso, também a proposta da Land Rover não resultou no contrato que a marca esperava. O maior obstáculo era, já no início da década de 1980, as elevadas emissões dos motores da marca britânica, que não se encaixavam nas apertadas regras suíças. Claro que com todo o investimento já realizado até esse ponto, a ordem para finalizar o ‘One-Ten’ e lançá-lo no mercado acabou por surgir e a primeira unidade de produção foi construída no início da última semana de Fevereiro de 1983. E tal como já tinha acontecido com o Range Rover, em que a primeira unidade a sair da linha de montagem foi a de chassis número 3, o primeiro ‘One-Ten’ a sair para o enorme pátio de Solihull foi o número 8, que seguiu para Genebra, onde foi exibido ao público. O ‘Ninety’, ou simplesmente Land Rover 90, só chegaria um ano depois, em 1984…
Texto: Alexandre Correia Fotos: D.R.
2 comentários
Meu caro “Manecas”, muito obrigado pelo comentário. Na verdade, ainda tenho memória deste lançamento. Já então era jornalista nesta área há quatro anos…
Abraço,
Alexandre Correia
Sempre actualizado meu amigo,Mega abraço