Diz a sabedoria popular que não há duas sem três e que à terceira é de vez. Pois para Alexandre Ré, foi assim mesmo na Baja TT Capital dos Vinhos de Portugal. O piloto da Volkswagen Amarok, de novo acompanhado pelo seu irmão Pedro, conseguiu finalmente a vitória que perseguia desde início da época. Depois de repetir o segundo lugar nas primeiras provas, saiu vencedor à terceira tentativa!
Ao bater o Mitsubishi Racing Lancer de Tiago Reis e Valter Cardoso por apenas 41 segundos, Alexandre Ré conseguiu por fim uma vitória absoluta. Melhor do que isso, o piloto da Volkswagen Amarok conseguiu reforçar fortemente a liderança do campeonato. Cumprida a primeira metade do Campeonato de Portugal de T.T. AM|48, Alexandre Ré lidera com 68 pontos. São mais 23 pontos que o adversário mais próximo: Pedro Dias da Silva, cuja Ford Ranger terminou a Baja TT Capital dos Vinhos de Portugal no quarto posto.
Curiosamente, em navegadores, o líder do campeonato é José Janela, que acompanhou Pedro Dias da Silva na prova alentejana! E se é ainda muito cedo para falarmos do título, o certo é que o avanço de Alexandre Ré é elevado. E esse trunfo não pode deixar de ser considerado.
Três vencedores em três provas cumpridas
Com três provas cumpridas, registamos de novo três vencedores diversos, uma situação que se repete com agrado. Por um lado, podemos dizer que esta diversidade retrata um grande equilíbrio. Mas isso não é de todo verdade. Porque os vencedores anteriores nada mais conseguiram do que uma vitória. Nuno Matos venceu a prova inaugural do campeonato, mas depois a sua Fiat Full Back não voltou a terminar. E quanto a João Ramos, desistiu na Baja T.T. do Pinhal, venceu a Baja T.T. de Loulé, mas ficou pelo caminho hoje, no Alentejo.
E somente Alexandre Ré apresenta um conjunto de resultados pleno, com três participações bem sucedidas. Daí a grande vantagem que leva sobre Pedro Dias da Silva. “Ter desistido em Reguengos de Monsaraz torna difícil considerar a vitória no campeonato”, admitiu à Todo Terreno Nuno Matos. O piloto de Portalegre reconhece que corre para ganhar, “mas o título é uma consequência, não uma obcessão”. E agora olha para a segunda metade do campeonato com apenas uma pontuação: “o empenho nas próximas três provas será ainda mais forte. Até porque ainda há muitos pontos em jogo, “e muitas coisas podem acontecer”.
Por seu lado, João Ramos diz-nos que “renovar o título é um objectivo claro para este ano”. Mas depois de ter voltado a desistir, reconhece que “a situação começa a ficar mais difícil”. De acordo com o Campeão Nacional em título, “esta vitória deixou Alexandre Ré numa situação muito confortável para conseguir vencer o campeonato. Daqui em diante, parece-me que basta-lhe assegurar resultados entre os primeiros. Se for racional, provavelmente consegue-o sem ter de correr grandes riscos. E já ninguém o alcança”.
O campeonato ainda vai ser muito disputado!
E embora João Ramos tenha esta visão do rumo do campeonato, desengane-se quem pensar que vai baixar os braços. Porque o piloto assegura que “isso nunca irá acontecer enquanto estiver a correr!”
A próxima prova, dentro três semanas, no Douro, será determinante para o campeonato. Se Alexandre Ré voltar a garantir um lugar entre os primeiros, reforçará de novo o comando. E com quatro bons resultados, só precisará de um resultado nas duas últimas provas. Mas se isso não acontecer e um dos vencedores anteriores, ou mesmo Pedro Dias da Silva, por exemplo, vencer no Douro, a animação é certa.
Neste fim de semana, a prova da Sociedade Artística Reguenguense demonstrou que há ainda mais candidatos a vencer. Tiago Reis e Valter Cardoso perderam a vitória para a Volkswagen Amarok dos irmãos Ré por somente 41 segundos. Um problema com o turbocompressor do Mitsubishi Racing Lancer de Tiago Reis é, segundo o piloto nos explicou, o motivo. Ou seja, ninguém baixou os braços. E Tiago Reis perfila-se como o potencial quarto vencedor desta época…
Ninguém baixa os braços à luta renhida
Sábado o domínio foi exercido por João Ramos e Victor Jesus. Mesmo que por uma curta diferença, até porque a distância foi reduzida, os campeões terminaram à frente.
Mas o domingo não começou bem para os homens da Toyota Hilux preta. “Logo ao início sofremos um furo”, disse-nos Victor Jesus. Para João Ramos acrescentar que “a partir daí procurámos não perder a cabeça e tentar garantir pelo menos o segundo posto final”.
Quando faltavam pouco mais de quatro dezenas de quilómetros para o final da prova, João Ramos estava em segundo empatado com Alexandre Ré. Ambos levavam um atraso de dois minutos e sete segundos relativamente a Tiago Reis. “Mas depois partiu-se uma transmissão dianteira da Toyota. Podíamos rolar só com tracção atrás, mas um dos tubos dos travões cortou-se e sem travões era impossível prosseguir” – explicou-nos João Ramos.
Nos derradeiros quilómetros, a mecânica do Mitsubishi de Tiago Reis não aguentou o esforço. Sintético nos seus comentários, o piloto disse-nos apenas que o turbocompressor não resistiu. Ainda assim, nos 45 quilómetros finais Tiago Reis foi o terceiro mais rápido em prova. Só que perdeu precisamente um segundo por quilómetro para a Amarok dos irmãos Ré. E perdeu a corrida por uma diferença de 41 segundos!…
Duelos sem tréguas até ao quilómetro final
O terceiro lugar final, já a quase dois minutos e meio dos vencedores, foi alcançado por Miguel Casaca e Pedro Tavares. O Mitsubishi Racing Lancer desta dupla evidenciou-se especialmente nesta segunda etapa. Chegaram a ocupar o segundo posto absoluto, logo atrás do Mitsubishi de Reis. Mas a recuperação de Alexandre Ré foi ainda mais forte; Casaca e Tavares foram os segundos mais rápidos na parte final, mas com isso apenas recuperaram o terceiro lugar. Pois, entretanto, tinham-nos perdido para a Ford Ranger de Pedro Dias da Silva e José Janela. Estes, ao perderem exactamente um minuto e meio para o Mitsubishi de Casaca nos 45 km finais, desceram uma posição. Por escassos 39 segundos.
Este último troço, entre o quarto controlo de passagem e a chegada, foi ainda determinante para outro duelo: o que opôs a Ford Ranger de André Amaral e Nelson Ramos à Toyota Hilux de Paulo Rui Ferreira e Jorge Monteiro. Neste caso, o “árbitro” foi um furo, que fez Amaral perder a vantagem de 1m45s e uma posição. Trocou perdeu o quinto lugar para Paulo Rui Ferreira e ainda ficou a 2m14s da Toyota.
“Top-ten” completado sem grande discussão
Os últimos quatro do “top-ten” da classificação, onde se contaram 31 equipas, não tiveram alterações na parte final. Bem distanciados entre si, como que se limitaram a cumprir os últimos quilómetros. Registo para o sétimo posto absoluto de Lino Carapeta e Rui António, com o Range Rover Evoque preparado pelo piloto. Seguiu-se o Mini Cooper de César e Filipa Sequeira, a cerca de minutos e meio dos anteriores. A nona posição coube a Sérgio Vitorino e António Serrão, em BMW X5 CC. Finalmente, em décimo terminaram Manuel Correia e Miguel Ramalho, num Mitsubishi HRX Ford. Animado pelo V8 de 5,0 litros a gasolina do Ford Mustang, ver passar o carro de Manuel Correia foi duplamente espectacular. Além da condução deste veterano, a correr pela primeira vez em todo terreno, o som do possante V8 é único…
Dos outros vencedores também se fala aqui…
A Baja TT Capital dos Vinhos de Portugal registou mais três vencedores. E também falamos deles aqui. Começamos por Cláudio Carapeta e Sérgio Inocêncio, que além do 11º posto absoluto, foram os vencedores da categoria T8. O Bowler Wildcat desta dupla começou por ser o sétimo da categoria, no prólogo. Sábado à tarde, depois do primeiro sector selectivo tinham ascendido ao terceiro lugar dos T8. E na segunda etapa, melhoraram um lugar logo no início, para depois tomarem conta da liderança.
Cláudio Carapeta e Sérgio Inocêncio venceram a categoria T8 por cinco minutos de vantagem sobre outro Bowler Wildcat: o de João Rato e Vítor Hugo, que em termos absolutos ficou colocado no 17º posto.
Logo atrás do Bowler amarelo do mais novo dos irmãos Carapeta – Lino, o mais velho, foi sétimo – ficaram outros vencedores. Falamos de Georgino Pedroso e Carlos Silva, que ganharam pela segunda vez o grupo T2 com a Isuzu D-Max. Este novo sucesso da dupla do Team Prolama permite-lhes liderarem a classificação do campeonato, quer por equipas, quer ainda em T2. Em Reguengos de Monsaraz, a vitória da equipa da Isuzu foi obtida por pouco mais de um minuto de avanço sobre os adversários mais directos: Nuno Corvo e José Camilo Martins, em Nissan Pathfinder, que terminaram em 13º a nível absoluto.
Fora desta contagem ficou o vencedor da classificação reservada ao Troféu Nacional de Todo Terreno. Além do prólogo, estes pilotos somente disputaram a segunda etapa. E dos três “sobreviventes”, o triunfo não mereceu contestação, tal a vantagem obtida por João Pinheiro e Silva Santos! O Nissan Pathfinder desta dupla bateu a Nissan Navara de Jorge e José Lopes por…19 minutos e 28 segundos!
Texto: Alexandre Correia
Fotos: AIFA